segunda-feira, abril 23, 2007

Se é tão bom, por que se explicar?

Recentemente as revistas do Brasil vieram com um anúncio, de página dupla, da rede americana de fast foods McDonald's. Isso não seria anormal se não fosse o conteúdo do anúncio. Nele há um longo texto explicando sobre ácidos graxos, gorduras hidrogenadas, colesterol bom e ruim entre outras coisas. Pode-se inclusive ver um vídeo ilustrativo sobre isso no site da empresa.

Bom, agora sabemos que a "refeição" mais vendida, a McOferta número 1, teve seus níveis de gorduras reduzidos em 87%! o mesmo ocorrendo com o McLanche Feliz, ou seja, as crianças de todo o mundo estavam comendo quantidades enormes de gordura, cheias de LDL (colesterol ruim) e nem sabiam disso.

Será que agora essa grande empresa resolveu ficar boazinha? É claro que não. No anúncio diz que o McDonald's pesquisa há dois anos sobre uma maneira de reduzir o colesterol ruim de seus produtos.

O interessante é que há quase 3 anos o filme
Super Size Me - A Dieta do Palhaço do diretor Morgan Spurlock, expôs a cultura do fast food nos Estados Unidos. Morgan alimentou-se, 3 vezes por dia, durante um mês nas lanchonetes do McDonald's, servindo de cobaia para provar os efeitos nocivos que esse tipo de alimentação causam.

Durante o filme Morgan consumiu o equivalente a 5000 calorias diárias. No final de 30 dias ele ganhou 11 quilos e sua massa corporal cresceu 13%, chegando ao índice 27 (excesso de peso), quando o considerado saudável é entre 19 e 25.

É obvio que a empresa partiu para a sua contra-ofensiva. Nesse caso a dita redução das gorduras trans (as que formam o colesterol ruim) é uma das ações. Mas será que apenas isso é suficiente?

Na minha modesta opinião não. O McDonald's não é a unica empresa que produz alimentos que fazem mal à saúde. Até a pouco tempo consumiamos alimentos com transgênicos e ninguém sabia disso. Foi preciso uma grande mobilização da sociedade civil organizada para que a lista dos produtos que contém transgênicos se tornasse pública. Aqui vale ressaltar o trabalho desenvolvido pelo Greenpeace.

Recentemente, no dia 8 de março, uma manifestação defronte ao McDonald's, em Caxias do Sul (veja as fotos) , tentou levantar a discussão sobre a soberania alimentar. O leitor desse texto pode perguntar: Mas por que o McDonald's? Poruqe ele é um símbolo desse tipo "refeição". Esse é o preço que se paga pela liderança. É o custo do seu faturamento milionário, ou seja, virou vitrine.

Todos as empresas de fast foods produzem alimentos que fazem mal à saúde. Mas o McDonald's produz em uma escala que faz muito mais mal. Um argumento, falho, é que ele traz empregos. Mas quantos postos de trabalho são fechados de pequenos restaurantes, lancherias e similares que não conseguem suportar a concorrência?

Se é tão bom não precisaria tanta progranda para provar. Pensem bem nisso.