Em 1990 eu era um dirigente estudantil da UCES, União Caxiense de Estudantes Secundaristas. A presidente do DCE era a Patricia Pessi. Em janeiro de 1990 o DCE e a UCES fizeram uma atividades em conjunto, que tinha como objetivo colocar na lei orgânica do município a obrigatoriedade dos estudantes poderem comprar 75 fichas com o valor de ½ passagem. Tá certo que não era uma proposta muito revolucionária, mas foi a única emenda popular que foi aprovada pela Câmara de Vereadores na reforma da Lei Orgânica. A partir desse momento comecei a participar e discutir o movimento estudantil universitário.
A eleição do Pauletti
Naquele ano o foco do DCE estava voltado para outra coisa. Em abril seriam as eleições para Reitor. João Luis Moraes, o Reitor da época, havia se comprometido em realizar um processo de consulta à comunidade para a escolha de seu sucessor. O Reitor era, e ainda é, escolhido pelo Conselho Diretor, mas havia um movimento muito forte para mudar essa realidade. Com a possibilidade de, pelo menos, uma consulta o movimento estudantil se articulou em torno do nome da Profª. Loraine Slomp Giron. Infelizmente o movimento foi traído pela Reitoria e a consulta foi cancelada na véspera da sua realização. Como resposta o DCE organizou uma grande coleta de cartas de reivindicações e reuniu um número expressivo de estudantes que ficaram em frente à sala de reuniões, no Bloco A. No momento em que um conselheiro saiu surgiu a oportunidade e os estudantes ocuparam a sala de reuniões.Apesar do movimento Ruy Pauletti foi eleito Reitor. A grande disputa ficou para a indicação do Vice-Reitor. O escolhido, depois de várias votações, foi o Prof. Celso Picolli Coelho. Pauletti assume a reitoria no dia 2 de maio de 1990.
Mas o movimento estudantil não sai derrotado dessa luta, apesar de sofrer um abalo. Logo em seguida, em maio, aconteceram as eleições do DCE. A diretoria presidida pela Patricia estava há uma gestão apenas e o grande desafio era eleger o sucessor. Criou-se um grande frentão de oposição incluindo as forças de direita e algumas de esquerda na chapa intitulada Pés no Chão. Encabeçando a chapa de situação estava Manoel Licks com a chapa Pra Consolidar a Luta. Licks acabou vencendo as eleições.
A greve de 1990
A vitória da chapa Pra Consolidar, somada com a ascensão do movimento estudantil da época levou a uma greve de estudantes no segundo semestre de 1990. Um pouco antes os professores e funcionários haviam feito uma greve reivindicando melhores salários. O DCE apoiou essa manifestação e fez vários movimentos para evitar os furas greve.
A UCS até chega a cumprir, por algum tempo, as negociações com a comissão, mas logo ela rompe o acordo e isso, aliado a outros fatores, levam aos processos jurídios das consignações em pagamento (mais isso é tema do próximo artigo).
O DCE também é diversão e arte
Nem só de lutas políticas viveu o DCE. A entidade sempre foi uma grande promotora de atividades culturais. Em 1991, como recepção aos calouros foi promovida uma semana inteira de atividades culturais. Apresentaram-se na UCS o Grupo TER (Teatro Experimental Revolucionário) que tínha a frente o ator Jorge Valmini, o acordeonista Oscar dos Reis, entre outros. O DCE também promoveu e foi um dos patrocinadores do LP Imagem das Pedras do músico portoalegrense Gelson Oliveira.
Essa gestão iniciou as discussões sobre Estatuínte Universitária, ou seja, a reforma dos estatutos da UCS. Esse processo somente seria finalizado em 1997. A frente da comissão que discutia a estatuínte estavam: Celso Picolli Coelho (Reitoria), Loraine Slomp Giron (Aducs), José Carlos Monteiro (Sinpro), Candido Teles (DCE) e Ademar Sgarbosa (Funcionários). A projeto de Assembléia Estatuínte até chegou a ser finalizado. Ele garantia a participação de estudantes, funcionários e professores e no processo. Devido a pressões do núcleo duro, entenda-se antidemocrático, da reitoria a proposta acabou não entrando em prática.
Outra discussão impornte dessa gestão foi a organização do Fórum de Universidades Pagas. O objetivo era organizar os DCEs do estado para a realização de uma luta em comum contra o aumento das mensalidades. Caxias foi a sede do primeiro encontro onde foi discutida e eleita como linha prioritária a experiência do DCE da Ulbra. Lá os estudantes entraram em juízo questionando os valores das mensalidades e depositando os valores que achavam corretos.
Foi também durante essa gestão que foi promovida uma discussão, com os deputados federais gaúchos, sobre o crédito educativo. Na época apenas o crédito educativo e as bolsas UCS/Prefeitura eram alternativas para quem não tinha condições de pagar as mensalidades, e os dois contemplavam muito poucas pessoas. Participaram desse debate: Germano Rigotto-PMDB, Victor Faccioni-PDS e Raul Pont-PT(que não aparece na foto). (Foto ao lado)
Desobedeça dos pés a cabeça
Esse é o nome da chapa que elege Candido Teles à presidência do DCE. Numa campanha com 3 chapas e bastante disputada a chapa Desobedeça consegue eleger-se, mas não fica com a maioria na diretoria do DCE. Como a gestão é proporcional as chapas oposicionistas, juntas, acabam ficando com o maior número de cargos. Essa unidade acaba não se refletindo na prática e quando existia um movimento para isso as principais decisões acabavam indo para o Conselho de DAs.Essa gestão iniciou as discussões sobre Estatuínte Universitária, ou seja, a reforma dos estatutos da UCS. Esse processo somente seria finalizado em 1997. A frente da comissão que discutia a estatuínte estavam: Celso Picolli Coelho (Reitoria), Loraine Slomp Giron (Aducs), José Carlos Monteiro (Sinpro), Candido Teles (DCE) e Ademar Sgarbosa (Funcionários). A projeto de Assembléia Estatuínte até chegou a ser finalizado. Ele garantia a participação de estudantes, funcionários e professores e no processo. Devido a pressões do núcleo duro, entenda-se antidemocrático, da reitoria a proposta acabou não entrando em prática.
Outra discussão impornte dessa gestão foi a organização do Fórum de Universidades Pagas. O objetivo era organizar os DCEs do estado para a realização de uma luta em comum contra o aumento das mensalidades. Caxias foi a sede do primeiro encontro onde foi discutida e eleita como linha prioritária a experiência do DCE da Ulbra. Lá os estudantes entraram em juízo questionando os valores das mensalidades e depositando os valores que achavam corretos.

Curiosidades
- Durante a gestão da Patrícia inicia, pela primeira vez, a organização de um coletivo de mulheres estudantes;
- O DCE funcionava na sala 104 do Bloco E. Hoje essa sala é ocupada pelo Registro Acadêmico da UCS;
- A primeira participação que eu tive em uma atividade na UCS foi numa reunião de negociação da Estatuínte Universitária. Como não havia nenhuma pessoa do DCE para ir à reunião e era imprescindível que alguém estivesse presente, eu participei da reunião. (detalhe: eu não era universitário);
- Em 1991 o DCE rompe com o monopólio do xerox na UCS e compra uma máquina passando assim a controlar os preços cobrados nos outros blocos. A idéia existe até hoje;
- Em 1992 o DCE abre, em parceira, uma livraria e uma vídeo locadora, na sede da entidade.
4 comentários:
Muito bom, Alexandre. É importante nós, militantes do movimento Estudantil, registrarmos as nossas experiências, para a história não se perder.
Tomara que outras pessoas se inspirem com a iniciativa e também contribuam.
Pô, mas podia ter começado quando tu articulou pro Marx ganhar o DA de Economia.
Gabriel
Alexandre, foi muito bom "rever" as imagens deste período que você recuperou. A última greve, as assembléias no Bloco H e no Cristóvão, as manifestações pelas ruas de Caxias. Tem ainda as "livres negociações" do Collor lembra? Todos estes movimentos eram matéria de bons debates no saudoso Voo Livre. Tomara que a Paty e o Licks leiam seu texo. Um abraço, Candido.
na verdade meu caro amigo Gabriel Marx não se formou em economia. Por incrivel que pareça ele iniciou cursando Direito, mas doutourou-se em Filosofia.
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