sexta-feira, maio 09, 2008

Por que não te calas?


A frase que está no título foi proferida pelo Rei Juan Carlos, da Espanha, para o presidente venezuelano Hugo Chaves durante um bate boca durante a Cúpula Ibero-Americana no ano passado, mas ela serviria muito bem para o Senador do DEMO/RN, José Agripino Maia. A Ministra Dilma Rousseff compareceu em uma audiência na Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal para falar sobre o Programa de Acelaração do Crescimento, PAC.
Entretanto o choro dos oposicionistas era perguntar-lhe sobre o tal Dossiê com os dados, sigilosos, dos cartões corporativos do governo FHC (aqueles que mostram os gastos em vinhos franceses e caviar). A ministra disse que responderia a qualquer pergunta sem problema nenhum, nisso aparece o estabanado Senador Agripino Maia. Em sua pergunta ele faz uma considerando se reportando a uma entrevista, concedida por Dilma, onde ela dizia que durante a ditadura ela mentiu e sugeriu que ela poderia mentir novamente.

A resposta da Ministra foi contundente, "eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega os seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na tortura, senador". Dilma afirmou ainda que "não há possibilidade de diálogo" quando se tem pela frente o "pau de arara, o choque elétrico e a morte".
Melhor do que ler só ouvindo a resposta, no vídeo ao lado.

No final da resposta Dilma afirma que durante a ditadura militar ela e Agripino estavam em lados diferentes, e isso é pura verdade. A biografia de Agripino Maia é recheada de momentos onde ele foi beneficiado pela ditadura militar. Ele ingressou na carreira política em 1979 como Prefeito Biônico de Natal (nomeado pela ditadura). Seu pai e primo foram governadores também indicados pelo regime o que demonstra a proximidade da família com o regime de exceção. Ele também é dono de uma emisora de TV e de emissoras de rádio no Rio Grande do Norte. Sua trajetória é inegável. É um dos grandes filhotes da ditadura militar. Com certeza não tem integridade moral para estar na mesma sala de pessoas que lutaram e sofreram para garantir a democracia no país.