segunda-feira, dezembro 27, 2010

Papai Noel dos ricos

Quem não acredita em Papai Noel é porque não conhece o Governo Sartori. Não, eu não estou falando do prefeito que fez proselitismo barato distribuindo brinquedos no Canyon. Estou falando de um Papai Noel ao contrário. Sim, porque ele, nesse caso, dá presentes para os malvados. Não sabe planejar investimentos para a compra de terras e para o abastecimento de água? Criamos uma taxa para isso. Passou o ano eleitoral? Aumentamos os impostos. O transporte público está ruim? Aumentamos a passagem de ônibus. Não conseguiu dinheiro para fazer um filme? Toma R$ 100 mil. Sobra aos "bonzinhos" pagar essa conta sem que nada se reverta a comunidade.

Mas quero falar mesmo é da última peripécia da prefeitura. O aumento da passagem de ônibus para R$ 2,50. No ano passado como ia pegar mais mal que bater em mãe reajustar as passagens quando já tinham dado uma renovação de contrato de presente para a Visate, o valor ficou igual. Esse ano tentaram mas não conseguiram revisar as gratuidades aí penalizaram a população com um reajuste superior a inflação. Isso é para que o povo deixe de ser bobo e para de questionar o gringo máximo de nossa cidade.

Isso é o que a prefeitura deixou muito claro na última reunião do CMTT. Ao exercer sua força já que o executivo tem 6 cadeiras e mais 3 são dos empresários (de 18 conselheiros isso já garante quorum e maioria automaticamente), aprovou um reajuste nas passagens de ônibus de mais de 13% sem pestanejar. Essa reunião foi feita no dia 23 de dezembro, antevéspera de natal. Os argumentos para tal reajuste? Os mesmos de 2 anos atrás, ou seja, a Visate já conhecia o quadro do tranporte público caxiense e mesmo assim quis continuar, logo deve ser um bom negócio. Mas quais os argumentos?

1 – O número de passageiros está praticamente igual ao de 2008.

2 – As gratuidades, principalmente as dos idosos entre 60 e 65 anos aumentaram muito.

O número de passageiros está igual, porque o transporte público é ruim. Não que os ônibus sejam velhos ou sujos, é porque ele é ineficiente. Os ônibus atrasam, nos horários de pico estão sempre ultralotados e, nos corredores de ônibus, às vezes a pé você é mais rápido que o ônibus.

As gratuidade aumentaram porque a população está ficando mais velha e mais e mais pessoas alcançam a faixa dos 60 anos. Só que a lei que dá gratuidade na faixa dos 60 a 65 anos é municipal e a Visate já sabia disso. Se topou as regras ou é mal administrada ou a prefeitura prometeu fazer algo que não conseguiu (no caso acabar com as gratuidades).

Um pequeno teatrinho foi feito entre a Visate e o Secretário de Transportes mas depois a votação foi matadora, 12 a 3. A reunião foi assistida por uma platéia, embora pequena, mas representativa. Estavam presentes representantes do Sindicato dos Servidores, SindiServ, UAB, DCE, MTD e outros movimentos. Até servidores da prefeitura vieram ver o barulho que saia do auditório da prefeitura. Talvez a única vez, em 2010, que o povo esteve presente na prefeitura sem que seja para ser cooptado.

Na mesa os 15 conselheiros presentes, talvez quase todos não usem ônibus. Na platéia, sem direito a palavra as pessoas que usam o transporte público. O direito a palavra era feito aos gritos por algumas pessoas. Mais impressionante foi o DCE que tem cadeira no Conselho não poder participar, tudo porque a antiga gestão indicou os representantes para o CMTT depois que já tinha perdido as eleições (a posse dos conselheiros foi no mesmo dia da posse da atual gestão do DCE). Como não houve tempo para a nomeação a entidade ficou de fora. Mais um grande absurdo.

Nas palavras do Coordenador de Finaças do DCE, Vinícius Postali, publicadas no Jornal Pioneiro de hoje, "Se aquele conselho (o CMTT) representa o controle social no transporte de nossa cidade, estamos perdidos. (...) O Conselho deveria reunir-se para debater o congestionamento do Centro, da UCS, o desrespeito às leis de trânsito por parte motoristas, pedestres, fornecedores de serviço e propor soluções para isso, mobilizar a sociedade sobre a importância do tema."

Acho que isso resume tudo. O CMTT não é um instrumento de cidadania é um instrumento para tentar blindar o prefeito de aprovar medidas impopulares. O Conselho tem essa função e é por isso que reúne uma vez por ano apenas.


Foto: Lisiane Zago/Assessoria de Comunicação SindiServ

quarta-feira, dezembro 22, 2010

A Rede Social

A primeira vista pode parecer um programa nerd: assitir ao filme Rede Social. Nada mais equivocado que esse pensamento. O filme que estreou em dezembro conta a história de Mark Zuckerberk um dos fundadores do Facebook. Apesar de não ter como desassociar a imagem de Mark do Facebook o filme retrata a sua ascenção de um estudante de Harvard a o bilionário mais jovem da história. Não sabiam os produtores do filme que esse ano ele seria escolhido a personalidade do ano da Time.

O filme teve boa aceitação da crítica e é uma narrativa bastante intensa. São na essência duas partes. A primeira parte mostra o jovem estudante que “hackeia” os sites dos alojamentos de Harvad para coletar as fotografias das estudantes e cria um site onde as pessoas votam na “mais gostosa”. Além de toda a polêmica causada o site alcança 22 mil acessos em duas horas e Mark ganha 6 meses de suspensão por causa de diversas violações que ele cometeu.

Nessas férias forçadas ele é procurado por dois irmãos que propõem que ele faça um site de relacionamentos que seria exclusivo para estudantes de Harvard ou para seus convidados. A partir daí o filme sugere que Mark tenha criado o Facebook dessa ideia.

Na segunda parte é a briga judicial com os irmãos Winklevoss proprietários do site HarvardConnection, posteriormente chamado ConnectU, e do seu amigo e cofundador do Facebook, o brasileiro Eduardo Saverin. Nesse ponto a narração passa a ser mais intensa com a história sendo contada através das audiências judiciais dos dois processos, que aconteceram simultaneamente.

O filme tem muitos momentos hilários por conta da figura surreal de Mark e é também uma boa pedida para quem quer entender o peso que uma ideia tem no mundo atual. É bom lembrar que o Facebook foi criado em 2004, portanto a história conta um fato extremamente recente e que ainda está marcando a vida das pessoas, ou pelo menos dos 500 milhões de usuários do Facebook.

terça-feira, dezembro 21, 2010

Mais uma tentativa de regular a internet

Se já não bastasse o AI5 digital, o famigerado projeto de lei do Senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG), outros projetos se juntam a essa prática. Mesmo o Obama já apresenta um projeto que criaria uma "porta dos fundos" em todos os provedores de internet para que seja feita "uma escuta eletrônica".

Juntando-se a isso e sempre procurando uma "causa nobre" outros projetos são apresentados. Estava olhando hoje o site da Câmara dos Deputados onde encontrei a matéria do projeto 7439/10, do deputado Edmar Moreira (PR-MG). Esse projeto propõem que os provedores de internet instalem um filtro de conteúdo que atingiria conteúdo, segundo o autor, pornográfico ou que incitem a violência, o consumo de drogas, a discriminação racial, propaganda nazista ou pedofilia.

Na verdade na intenção de mostrar serviço os deputados propõem uma enorme lista de insanidades. Essa é uma delas, na minha opinião. Não que não seja nobre que esses conteúdos não sejam divulgados e que nossas crianças "sejam protegidas" da violência ou da pedofilia. Acontece que já existe inúmeras ferramentas de filtro de conteúdo disponíveis no mercado, muitas delas gratuitas. O problema de acessar ou não conteúdo pornográfico, discriminatório ou que seja não está ligado a que você tenha ou não acesso a esse conteúdo, é uma questão educacional. Antes da internet, menores de idade conseguiam ter acesso a revistas pornográficas, mesmo sua venda sendo proibida.

O grande problema desses filtros é que eles se baseiam por palavras. Muitos já vem com listas de sites, mas eles precisam ser ensinados sobre o que filtrar. Por exemplo se eu colocar um bloqueio que atinja a palavra "sexo", um site pornográfico será bloqueado como também um site que tenha a citação do livro "O Segundo Sexo" (Simone de Beauvoir). E convenhamos se quiséssemos mesmo evitar que nossas crianças recebam conteúdo impróprio deveríamos estar discutindo as novelas e os programas dominicais, como o Domingão do Faustão, que simulou, no último domingo, um acidente com o atriz e cover de cantora Suzana Vieira, para que um de seus seios ficasse a mostra.

Mais, o melhor jeito de evitar que nossas crianças não acessem conteúdo violento ou pornográfico é melhorando a sua educação. Cabe aos pais não deixarem seus filhos com a nova "babá eletrônica" que é o computador e cabe aos professores se atulizarem e saírem da idade das cavernas que foram transformadas nossas escolas.

O mundo digital é extremamente rápido e caótico e uma criança de 10 anos já tem mais informações do que um adulto com o tripo de sua idade. Então converse mais e filtre menos.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Taxa Sartori


Lamentável, mais uma vez, a atitude da Câmara de Vereadores por fazer coro com o Sartori e aprovar, no apagar das luzes de 2010, mais uma taxa.

Os R$ 4,32 que incidirão sobre a tarifa de água de cada residência caxiense representa 23% da tarifa básica. O mais lamentável é que esse tipo de cobrança fica longe de ter seu componente social, pois não faz distinção entre os diferentes. Não importa se você é rico ou pobre, nem se gasta muito ou pouca água, o que importa é recebe água, paga a taxa.

Isso é o contramão de outras tarifas, ou contribuições, que foram propostas recentemente. Só para fazer um parelelo a contribuição que iria substituir a CPMF, propunha um isenção para quem recebesse até R$ 3.038,00 e era progressiva, ou seja, quanto mais dinheiro você tinha, mais você pagava. Isso é justiça social. E olha que boa parte dos vereadores que votaram a favor da Taxa Sartori era contra a essa contribuição para a saúde.

Entretanto votaram, sem o menor pudor, favorável a uma contribuição que prejudica, justamente quem tem menor renda. Nem a justificativa da Prefeitura é crível, pois existe uma grande linha de financiamentos do Governo Federal para Saneamento e Abastecimento, um exemplo é que o próprio Marrecas está sendo construído com financiamento federal.

Mas muito pior ainda é que vereadores do campo de esquerda esqueceram de quem dizem defender. Ao penalizar quem ganha menos, penalizaram justamente a classe trabalhadora e tiraram uns trocados dos empresários e da elite econômica de Caxias do Sul. Nota Zero para Assis Melo e Renato Oliveira (PCdoB) e Marcos Daneluz (PT).

Como votaram os vereadores:
A favor:
Alaor de Oliveira (PMDB)
Ari Dallegrave (PMDB)
Arlindo Bandeira (PP)
Assis Melo (PC do B)
Elói Frizzo (PSB)
Geni Peteffi (PMDB)
Gustavo Toigo (PDT)
Marcos Daneluz (PT)
Mauro Pereira (PMDB)
Renato Oliveira (PC do B)
Renato Nunes (PRB)
Vinicius Ribeiro (PDT)

Votaram contra:
Ana Corso (PT)
Denise Pessôa (PT)
Rodrigo Beltrão (PT)
Daniel Guerra (PSDB)

Em defesa da liberdade de expressão


Artigo publicado originalmente no blog http://movimentacaoucs.blogspot.com


Movimentação participa da rede de apoio ao WikiLeaks


Desde a semana passada a Movimentação é parceira do site de informação WikiLeaks. Esse portal de informação ficou famoso em 2010 por ter disponibilizado, na rede, informações secretas sobre a Guerra do Iraque e Afeganistão, inclusive um vídeo com militares assassinando a população civil iraquiana. Mais recentemente o vazamento de telegramas secretos da diplomacia americana gerou grandes açõe de repressão por parte, principalmente, do governo americano e seus aliados.

O WikiLeaks não é novo. Ele foi fundado em 2007 com o objetivo de ser um espaço para denúncias sobre governos e instituições. O site disponibiliza documentos originais, conseguidos muitas vezes de fontes anônimas, para que os leitores tirem suas conclusões sobre os conteúdos apresentados. O uso de fontes anônimas é uma característica do jornalismo investigativo e essa característica é inerente ao WikiLeaks.

Um dos motivos que gerou a criação do site, segundo seus fundadores, foi a percepção que eles tiveram que a mídia estava se tornando cada vez menos independente, negando-se a fazer as perguntas “difíceis” para os governos, corporações e instituições.

Como são independentes e não visam o lucro, a Fundação WikiLeaks torna-se um lugar para a livre circulação de informação e denúncias sobre os governos e outras organizações. A organização baseia-se na liberdade de expressão e informação, constante na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Por ter exposto ao mundo documentos que expunham os horrores praticados pelo governo americano nas guerras do Iraque e Afeganistão e por mostrar ao mundo a ingerência desse mesmo governo nos assuntos de outros paises, o WikiLeaks tem sofrido ataques constantes. As ações partem de grandes grupos empresariais como PayPal, Visa e Mastercard que se negam a repassar as doações a Fundação e também de empresas de hospedagem de conteúdo. Para evitar que o site saia do ar e que as informações se percam, iniciou-se um grande trabalho de constituição de “mirrors” do WikiLeaks.

Mirrors são cópias do site original exatamente com o mesmo conteúdo. A vantagem dos mirros é que as pessoas podem acessar o conteúdo usando endereços alternativos. Dessa maneira mesmo que o site original saia do ar todos os outros ficarão ativos.

É dessa campanha mundial que estamos participando. Pelo endereço http://wikileaks.movimentacaoucs.com.br a Movimentação participa como um dos mirrors do WikiLeaks no mundo. Já são mais de 1600 páginas que espelham todo o conteúdo do site original. Com essa ação estamos contribuíndo para uma imprensa verdadeiramente livre e a garantia da liberdade de informação.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Há 30 anos 4 tiros calavam John Lennon

8 de dezembro de 1980 é uma daquelas datas que ficam no imaginário mundial. Talvez não de todo mundo literalmente pois a globalização, seja cultural ou da informação ainda não era tão palpável quanto hoje. Mesmo assim quando às 23 horas do desse dia Mark Chapman dispara, na frente do Edifício Dakota (foto), em Nova York, 5 tiros, quatro deles acertando Lennon o mundo silenciou. Lennon foi uma das personalidades mais influentes do século XX. Mudou a música, mudou hábitos e foi um ativista tanto pela paz quanto pelos direitos humanos.

Mark Chapman, por sua vez, nasceu no Texas em 1955. Se dizia fã dos Beatles, porém era uma pessoa atormentada por algumas declarações que o próprio Lennon tinha dado. Numa delas ele teria dito que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. Em outra, na música Imagine, John diz que os céus e o inferno não existem. Chapman um religioso obstinado e isso o incomodava muito. Ele disse à época que ouviu uma voz misteriosa que lhe repetia: "Do it, do it, do it" (faça isto) quando John passou por ele. E que, antes do cantor aparecer, "Não havia emoção no meu sangue. Não havia raiva. Não havia nada. Era um silêncio mortal no meu cérebro." Chapman também disse em entrevistas que pediu ajuda a Satanás para possuí-lo e assim cometer o crime.

John Lennon quando iniciou suas atividades pacifista de forma mais intensa foi duramente perseguido pelo FBI, que investigavam cada um de seus passos. Após a sua morte a agência federal americana admitiu que o investigava. Na época os Estados Unidos estavam enterrados nos lamaceiros do Vietnã e a ideologia Nixon espalhava uma paranóia generalizada pela nação (é válida a comparação do Bush com o Iraque).

Muito se especula se o crime não teria sido encomendado, afinal se existe uma dúvida que um presidente (Kennedy) foi morto por uma conspiração que envolvia seu próprio governo, o que custava matar um músico? Uma coisa é certa Chapmann não agiu sozinho. Ele é fruto de seu meio. Ele é fruto de uma sociedade fervorosamente religiosa e irracional, de uma sociedade que cultua a violência e despreza o que "não é americano". Essa irracionalidade e obscurantismo religioso tiraram a vida de uma das maiores vozes do século XX.

Imagine, que foi considerada um hino pela paz (e que toca em toda a propaganda de final de ano em qualquer festa, rádio, ou TV), juntamente com Give Peace a Chance, são duas entre muitas músicas dessa fase ativista de John. Particularmente eu acho o clipe de Imagine (clique no link para assistir) uma das coisas mais sensacionais já feitas. Não por que é sofisticado, cheio de efeitos especiais, mas por sua incrível sensibilidade. John e Yoko aparecem caminhando, de costas, em meio a neblina ao som de pássaros até chegarem a porta de casa. Na próxima tomada vemos uma sala ampla, escura, com John tocando piano ao fundo. A sala vai sendo iluminada quando a Yoko vai abrindo as janelas. É a única luz que incide no ambiente. Simples, emotivo e não faz perder o foco do principal, a música.

Hoje Lennon teria 70 anos se não tivesse sido assassinado. O mundo não ficou melhor do que na década de 1980, não ficou mais pacifico, nem mais justo. Ainda estamos longe de imaginar um mundo sem posses, sem países, sem motivos para matar ou morrer, mas precisamos dar uma chance a nós mesmos por que senão ninguém dará.


quinta-feira, julho 01, 2010

25 de junho o Dia Nacional Sem Globo

Essa copa foi um terror para a Rede Globo e olha que ela se preparou bem para isso. Adquirir os direitos de transmissão da Copa do Mundo custa caro. A Fifa arrecadou US$ 3,2 bilhões nesse quesito para a copa 2010. Além disso há todo o custo de enviar uma equipe gigantesca, são centenas de profissionais, tanto para a Globo, como para a Sport TV. São repórter, técnicos, motoristas, engenheiros, comentaristas, produtores entre outros que fazem as imagens chegar até nós. Com tudo isso a "Vênus Platinada" tinha certeza. Seria a única voz do Brasil.

Certo?

Errado.

Apesar de todo o dinheiro, tecnologia, poder e prestígio a Globo não contava com atos individuais. Ações surgidas voluntariamente que poriam em xeque seu poder de sempre transmitir a "verdade". A Globo é uma representante da velha mídia. É na verdade a mais poderosa representante da velha mídia. Essa é a mídia que faz a comunicação de um para muitos, ou seja, o que o William Bonner fala é verdade. É uma mídia massificada, simplificada (só o que o Homer Simpson pode entender, segundo o Bonner) e absolutamente reativa (você só pode escolher assistir ou não e mais nada).

Mas aí surge uma coisa chamada mídia sociais. Todo mundo fala sobre elas, muitos acham que ela é o futuro agora, poucos sabem como funcionam e muita gente usa errado. Para o bem o para o mal essas mídias são algo sem controle. Orkut, Facebook, Twitter, blogs podem ser censurados, e são, podem ser bloqueados, e são, mas até nos países mais fechados eles sobrevivem. Isso vale para um país, como o Brasil, dominado por uma rede de comunicação. A Globo tem TV, jornal, rádio, site, editora, tem site, twitter e mais um monte de coisa, mas ainda é a representante da velha mídia. O que as mídias sociais fizeram, na verdade quem fez foram seu usuários, foi começar a questionar as verdades ditas pela poderosa Globo.

Tudo começou com uma brincadeira, mas será que uma brincadeira não é séria? Na abertura da Copa do Mundo o que estoura no Twitter? "CALA BOCA GALVAO". A frase é tão poderosa, que foi repetida milhares de vezes a ponto de ser a mais comentada entre todos os usuários do mundo. O mundo inteiro começou a perguntar: "o que é CALA BOCA GALVAO?". Aí a brincadeira aumentou. Surgiram explicações, todas fantasiosas, de que era uma campanha para salvar o pássaro galvão, ou que era uma nova música da Lady Gaga. Até o Paulo Coelho entrou na brincadeira dizendo que era um remédio homeopático para o Silentius Galvanius. O "CALA BOCA GALVAO" permaneceu por mais de 15 dias como o termo mais comentado entre os usuários do Twitter de todo o mundo.

Até que veio a entrevista coletiva do Dunga depois da partida com o Costa do Marfim. Nessa entrevista ele perdeu as estribeiras e desferiu impropérios impublicáveis direcionados a um repórter da Globo. A reação da emissora? Um editorial, ao estilo da velha mídia, repudiando o treinador brasileiro. A reação do mundo virtual foi mudar o cala boca para o Thadeu Schimidt, que leu o fatídico editorial. Nesse momento surgiu o movimento #diasemglobo (no twitter colocar um # na frente de uma palavra identifica ela mais facilmente na rede). O dia que começou como desforra ao Dunga, foi entendido por outros como um desafio ao poderio da emissora. A data escolhida foi dia 25 de junho, o jogo do Brasil com Portugal. Segundos depois do jogo uma série de representantes da velha mídia e outros que estão migrando para a nova mídia com a mentalidade da velha decretaram: "o dia sem globo falhou". Sua fonte? O Ibope.

O que disse o Ibope

O Ibope mede a audiência da TV brasileira. Ok, todo mundo sabe. Essa medição é feita por um aparelho instalado na televisão de algumas famílias (veja como) e são de 3 abrangências. Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro e o Painel Nacional de Televisão, que pesquisa a audiência nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Distrito Federal. Esses dados não são secretos (veja aqui), só chegam com algum atraso. Mas o que eles nos dizem?

Primeiro é preciso considerar que os números não mentem, mas os mentirosos usam números para mentir. Sabendo disso, a tentativa foi dizer que a Globo aumentou a audiência de um jogo para o outro, por isso a campanha tinha falhado. Isso não deixa de ser verdade, em parte, olhe os números:

Brasil x Coreia do Norte (15/06) Globo (48,53%) Band (7,29%)

Brasil x Costa do Marfim (20/06) Globo (43,27%) Band (7,27%)

Brasil x Portugal (25/06) Globo (46,33%) Band (8,66%)

Nossa a primeira vista realmente a Globo venceu, certo?

Errado.

Primeiro não basta comparar com o jogo anterior. Por quê? Porque o jogo contra a Costa do Marfim foi num domingo e a medição do Ibope é por televisão ligada. É bom lembrar que nos domingos as pessoas estão mais propensas a fazerem atividades coletivas e futebol lembra reunião com amigos/familiares, churrasco (ou congêneres), enfim atividades mais coletivas. Nos dias de semana as pessoas tem 2 horas mais ou menos de folga do trabalho para assistir o jogo. Portanto a comparação tem que ser com o primeiro jogo. Nesse caso a queda da audiência da Globo foi de 2,2 pontos percentuais isso significa mais de 420 mil televisores, um número significativo.

Alguns dirão "é pouco", sim é! Mas o vício na Globo é como qualquer vício deve ser tratado um dia de cada vez. Então diga para você mesmo "hoje não vou ver a Globo".

segunda-feira, maio 24, 2010

Puxe a alavanca Igor!

Todo o cientista maluco precisa de um Igor para puxar a alavanca de suas criações, malucas. Essa é a história contada pela animação "Igor" (veja o trailer). Nesse caso o Igor não quer ficar com o papel secundário de apenas puxar a alavanca, mas sim ele quer poder criar vida!

Mas não é sobre o filme que eu quero falar (talvez outro dia). O assunto mesmo é sobre o resultado das pesquisas do grupo liderado pelo pesquisador J. Craig Venter. Na quinta feira passada, 20/05, os pesquisadores anunciaram que conseguiram fazer uma célula controlado por um genoma sintético. Genoma é toda a informação, armazenada na célula de um ser vivo, que possui a "receita" de como fazer esse ser vivo. O grupo sintetizou um genoma da bactéria Mycoplasma mycoides e inseriu ele na casca da Mycoplasma capricolum, outra bactéria. Ao final da experiência a bactéria reproduziu-se como se fosse a primeira (com o genoma sintetizado) ao invés da segunda (hospedeiro). Deve ter sido uma legitima sensação "eu criei vida", só não havia nenhum Igor para puxar a alavanca. No lugar dele havia uma equipe de 20 pesquisadores, US$ 40 milhões gastos em 10 anos de pesquisa.

O genoma é composto por pares de moléculas denominados: a,t,g,c. A combinação delas diz como será um ser vivo. Não importa se for uma bactéria ou uma baleia. Todos os seres vivos são compostos por esses pares de moléculas. Os pesquisadores do Instituto J. Graig Venter passaram toda essa sequência genética da Mycoplasma mycoides, mais de 1 milhão de pares de DNA, depois modificaram alguns pares para fazer uma "marca de nascença", que a difere da que foi criada pela natureza e sintetizaram, artificialmente, esse genoma. Ao colocar essa genoma dentro de outra célula (que teve seu código genético retirado) essa segunda célula começou a se duplicar igualzinho ao que tinha sido previsto pelo programa de computador. Isso aconteceu naturalmente, dando apenas alimento e um meio favorável para se reproduzir, ou seja, sem nenhuma outra força invisível que lhe desse vida.

Foi vida artificial?

A vida não foi criada do nada, isso é verdade. A experiência duplicou um genoma que já existia e o modificou. Mas isso provou que: (1) o código genético de um ser vivo pode ser copiado e modificado e (2) que um organismo vivo não precisa de nenhuma força extranatural para existir. Nesse ponto as religiões já tremeram nas bases. Toda a sua necessidade de existência baseia-se unicamente na crença de que existe um ser, ou força, superior que tem a capacidade de dar e tirar a vida. O que provaram os cientistas que realizaram essa experiência é que isso não é verdade. A vida, para existir, precisa apenas de sua codificação genética e de um meio propício para se reproduzir e se alimentar. Ainda há uma grande distância entre o que foi realizado nessa experiência e sintetizar vida partindo do zero. Mas esse passo já foi imensamente grande nesse sentido. A pergunta que se faz agora é se devemos ou se há interesse em criar vida? Do ponto de vista industrial e econômico, que é o interesse dos pesquisadores, é muito mais simples, e barato, inserir características novas em um ser já existente. Nesse ponto cogita-se bactérias com capacidade de separar o hidrogênio das moléculas de água o que tornaria os carros movidos a hidrogênio extremamente baratos. Também tem a possibilidade de modificar uma bactéria para ela trabalhar na despoluição, entre outros usos. Há ainda, claro, o medo que se criem armas biológicas ou uma superdoença. Por isso a necessidade de discussões sobre o que é ético ou não é ético de fazer.

Quem é Graig Venter?

Veterano da Guerra do Vietnã, Venter se formou em Bioquímica em 1972, doutorou-se em Farmacologia em 1975 e foi trabalhar no Instituto Nacional de Saúde em 1984. Em 1999 resolveu investir em seu próprio Projeto Genoma Humano. Graig Venter não é nenhum bom samaritano. O que é quer é dinheiro mesmo. Pesquisadores do mundo inteiram o acusam de estar monopolizando a tecnologia de biologia sintética o que faria com que ele fosse "dono" dos organismos criados por essa tecnologia. Entre outros feitos de Venter está o mapeamento do Genoma Humano, 3 anos antes do prazo previsto. Entre os contratos milionários que ele fechou está um com a Exxon, empresa pretroleira, que investiu US$ 600 milhões em uma pesquisa que poderia converter o CO2 da atmosfera em combustível. Em 2007 o pesquisador deu o primeiro passo na descoberta que aconteceria na semana passada ao divulgar que havia conseguido criar um cromossoma a partir de elementos químicos.

Não sei quanto a você que está lendo essa postagem, mas nem o Dr. Frankenstein teria feito melhor e não precisou de descargas elétricas, nem tempestades e nem de um Igor para puxar a alavanca.

[Imagem: Etapas do experimento foram detalhadas em artigo publicado pela 'Science']

quarta-feira, maio 12, 2010

Combatendo o analfabetismo digital

Diariamente eu respondo, no mínimo, uma dúvida de informática. São telefonemas, e-mails, mensagens no MSN ou no Talk. Façam a conta por ano quanto dá isso. Por isso eu resolvi dar uma outra função ao meu blog. Tomei um desafio de realizar pelo menos uma postagem, toda semana, respondendo as dúvidas mais freqüentes que eu recebo. A ideia é fazer mini tutoriais para que mais pessoas possam acessar essas dúvidas. Bom o desafio agora é iniciar essa tarefa. Para isso selecionei 4 dúvidas e vou propor uma votação, pelo blog, para que os leitores escolham a primeira postagem. Entretanto eu continuarei fazendo outras postagens, espero que com mais freqüência. Dependendo da resposta que eu obtiver essa seção pode endereço próprio. Os quatro temas que eu selecionei são:

  • Transformar arquivos em pdf
  • Criar um índice automático num editor de texto
  • Redimensionar imagens
  • Compactar arquivos

Acesse a enquete e vote. Uma das coisas que quero fazer é responder a dúvidas usando os softwares mais usados mas também mostrar que existem alternativas para eles que, as vezes, cumprem as mesmas funções em exigir o uso da pirataria. Espero que gostem da proposta. Votem e comentem.

Você tem até sábado de noite para participar.

sexta-feira, abril 23, 2010

Agora ninguém é contra as gratuidades

Precisou de manifestações, pressão da população e uma audiência pública para sepultar, pelo menos por enquanto, as retiradas de direitos de estudantes, idosos e portadores de necessidades especiais do transporte público. No mês de março o então Secretário de Trânsito, Vinícius Ribeiro, apresentou durante o Fórum dos Usuários um estudo que apontava o impacto que as gratuidades tinham no valor da passagem. O recado era claro. Ou revisasse as gratuidades, e aí discorria uma série de propostas, ou as passagens terão que ser reajustadas.

O que o Governo Sartori não contava era com a contrariedade da população. A proposta ganhou a mídia com muita força e a população logo tomou posição contrária a perda dos direitos. Até mesmo a mais polêmica delas, o passe livre aos domingos, ganhou inúmeros defensores. A UAB realizou um ato, em frente à Secretaria, no dia 1º de abril e a Comissão de Legislação Participativa e Comunitária (CLPC) da Câmara de Vereadores, presidida pelo vereador Rodrigo Beltrão, chamou uma audiência pública para o dia 12 de abril. É sobre essa audiência que vou falar abaixo.

Representando a Secretaria de Transportes, Jorge Dutra, novo secretário, qualificou o transporte público em Caxias do Sul como de boa qualidade, mas que ainda há muitas melhorias para serem feitas. Dutra garante que as gratuidades estão em lei e serão respeitadas (mas então o que a secretaria queria fazer mesmo?). Entretanto o novo secretário admite que outras ações podem ser feitas para o barateamento das passagens. Além da redução dos impostos há ações como: pavimentações de vias por onde o ônibus passa para reduzir o tempo de viagem e o desgaste dos veículos; os binários, perimetrais e rotas alternativas que organizam melhor o fluxo do trânsito.

Representando a Visate o seu gerente administrativo, Gustavo dos Santos, foi um homem de poucas palavras. Simplesmente falou que em 5 anos aumentou em 10% o montante de gratuidades. Além disse reafirmou que a Visate cumpre o que o gestor público determina, ou seja, a Prefeitura.

Coube, então, ao representante do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes, Enio Brambatti, a intervenção mais surreal de todas. Sua fala teve pérolas do tipo: “alguém acha que tem um poço de petróleo embaixo da Visate?”. Brambatti fez a defesa mais apaixonada pela empresa de transporte. Por incrível que pareça ele não é do Conselho é apenas a pessoa que faz a ata, ou seja, um secretário. Surreal é pouco.

O presidente da UAB, Daltro da Rosa Maciel, fez sua fala na defesa dos direitos adquiridos. Disse que o passe livre, aos domingos, é um direito da população e se há insegurança que o poder público dê segurança ao transporte.

E o povo fala

Em nome dos portadores de necessidades especiais (PNEs), Tibiriça Vianna Maineri, falou, por meio da língua de sinais, que o Passe Livre melhorou a vida das pessoas portadoras de deficiência. Segundo ele cerca de 10% dos portadores de necessidade utilizam o passe livre, “o passe livre é importante para que os PNEs possam se inserir na vida em sociedade”, falou .

Saíram na defesa do passe livre para os aposentados os integrantes da UAB Valdir Pierozzan e Juçara de Quadros. Pierozzan foi enfático ao afirmar que os aposentados já contribuíram muito com a sociedade “e agora querem tirar o passe do aposentado?”, indagou o líder. Juçara questionou a posição da Visate que afirmou que havia um usuário que utilizou o passe livre 40 vezes num dia. “Querem considerar o caso de uma pessoa e achar que todo mundo é igual?”.

Três estudantes usaram a palavra. A acadêmica de direito Cibele Baginski falou que estudantes que fazem um número maior de disciplinas acabam não tendo passagens suficientes durante todo o mês. O também acadêmico de Direito e Coordenador de Integração Estudantil do DCE, Leonel Ferreria, defendeu a manutenção da meia passagem estudantil e sua ampliação para passe livre para os estudantes do ensino fundamental. A posição do integrante do DCE deixou atônitos alguns estudantes presentes, pois era a primeira vez, em bastante tempo que o dirigente tinha uma posição na defesa dos interesses dos acadêmicos. Por fim o secretário geral da União Estadual de Estudantes, Cristiano Cardoso, questionou os presentes: “quem deve pagar o preço da redução do valor do transporte? São os idosos, estudantes e PNEs?”.

A presidente da Assembleia Geral da UAB, Tânia Menezes, afirmou que quando a entidade propôs discutir as gratuidades o objetivo não era de tirar os benefícios. Questionou, também, que não há técnicos disponíveis para fazer uma avaliação das planilhas de aumento das passagens. Luiz Pizzetti, presidente de honra da UAB, falou que os direitos adquiridos só são mantidos se as pessoas se mobilizarem.

E os vereadores?

Falaram 6 vereadores. Renato Nunes, Ana Corso, Denise Pessoa, Renato de Oliveira e Mauro Pereira se posicionaram contrários a retirada das gratuidades. Renato Nunes foi ainda mais longe. Ele disse que quando a proposta de renovação do contrato da Visate foi discutida na Câmara a promessa era que iria melhor a prestação do serviço e que iria baratear as passagens. “Mudou o ano e a história mudou”, indignou-se o vereador. A vereadora Ana Corso lembrou que o passe livre aos domingos foi aprovado durante o governo Pepe Vargas e foi uma conquista da população. Denise Pessoa demonstrou preocupação com o valor da tarifa, “se hoje com algumas linhas integradas o impacto é grande na passagem, quanto custará a tarifa quando tudo for integrado?”, questionou a vereadora.

segunda-feira, abril 12, 2010

Não adianta só copiar o Obama

A campanha de Obama para presidente usou muito as mídias sociais. Isso foi um diferencial de sua campanha. Ele optou por dialogar com um setor social, a juventude, que estava de fora do processo político americano. Mas não foi só blog, twitter, facebook. Foi uma estratégia toda que compreendia até mesmo a marca da campanha "Sim, nós podemos".

A partir daí foi criado um "consenso" de que as próximas eleições terão forte influência das mídias sociais e da internet, que um candidato sem internet ficará para trás e todo mundo partiu para criar seu blog, twitter, facebook, orkut e outras coisas mais. Acredito que essas ferramentas terão cada vez mais importância e despreza-las seria um erro, mas um erro maior é não saber usa-las. A experiência do Obama não pode ser trazida sem alterações para o Brasil.

Esse final de semana trouxe a prova disso. A convenção que lançou José Serra para presidente torrou quase 500 mil reais (dizem que foi até mais). O Serra foi um dos primeiros políticos a ingressarem no twitter e seu perfil @joseserra_ tem mais de 190 mil seguidores. A convenção seria transmitida pela internet e o Serra mandaria mensagem diretamente dela. Estava tudo pronto para que o Serra fosse a sensação do Twitter no sábado.

Entretanto...

Uma casualidade da vida (a queda do avião com o presidente da polônia) e a construção/disseminação coletiva de uma idéia colocaram toda a estratégia do PSDB a perder. Por volta das 15 horas do sábado alguém cria a hastag #SerraPresidentedaPolonia e ela se espalha feito pólvora pelo twitter, tanto que ficou listada entre os 10 tópicos mais comentados entre os brasileiros. Como comentou no seu twitter o Marcelo Branco, que agora está na equipe de mídias sociais da Dilma, "Hj, mais uma vez, a criatividade descentralizada da rede bateu a criacao centralizada. #FHSerra e #SerraPresidentedaPolonia ganharam o dia."

O que aconteceu? A rede não pode ser ser controlada, a massa que acessa a internet tem vida própria, para o bem o para o mal, mas tem. Num dos primeiros post da Dilma ela disse que não conseguirá ficar online o tempo todo e outras pessoas farão postagens. Isso é honestidade, e a rede descobre os desonestos.

A Dilma, nesse caso, está muito mais assessorada para enfrentar esse novo campo, desconhecido para a maioria, das mídias sociais. Mas todos os candidados ou assessores estão preparados igualmente? Os do Serra já mostraram que não. Quem tá na rede tem outra linguagem, se relaciona de outro modo. Entrar na rede é se expor. Vai receber elogios e vai receber muitas críticas também e a resposta tem que ser imediata. 24 horas para a net é um mês para uma mídia convencional. Atenção aí galera que vai assessorar candidatos ou que já faz isso.

Duas coisas importantes relacionadas a isso:


1 - O Serra tem o Jornal Nacional qe deu 4 minutos de cobertura. Um absurdo em termos de TV.

2 - A Dilma lançou seu twitter no domingo. @dilmabr em 24 horas já contava com mais de 12 mil seguidores (veja abaixo). Ela entrou com tudo na briga.



quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Convenções Sociais

Conveções sociais são fundamentais para a vida em sociedade, isso eu não nego. Não jogar lixo no chão, por exemplo, garante que se limpe menos a cidade e ajuda a não proliferar doenças. Fato semelhante é com o hábito de guspir no chão. Outras convenções são aceitas em algumas culturas e outras não. Arrotar, na China, é sinal de que você gostou da comida. Tente fazer o mesmo aqui no Brasil? E por aí vai.

Então as convenções sociais são uma necessidades? Acredito que elas seja indispensáveis, mas isso não quer dizer que são imutáveis. O que é socialmente aceito em uma época pode não ser na época seguinte. Um exemplo

Os egipcios já comemoravam aniversários, entretanto essa comemoração era restrita ao Faraó. Os gregos, por sua vez, acreditavam que cada pessoa tinha um espírito, ou gênio, protetor que acompanhava o indivíduo desde seu nascimento (achou parecido com o anjo da guarda?). Os romanos também acabaram absorvendo essa cultura. Inicialmente as celebrações eram limitadas aos reis ou imperadores e a família real. Com o tempo ela foi se popularizando. Como cada dia era dedicado a uma divindade essa comemoração era muito mais ao protetor do indivíduo do que em celebração a própria pessoa.

Mas era só para a elite

Isso tinha uma lógica na organização social. Se você era um trabalhador braçal não havia nenhuma importância em saber quantos anos você passou nesse planeta. Se tivesse forças para trabalhar você ia ajudar a família nos campos ou aprender um ofício, com seu paí. Quando chegasse na puberdade que era medida pelas alterações físicas, você poderia ir para a guerra. Com os ricos era diferente. Como, na Roma Antiga, você só chegaria ao Senado aos 35 anos, medir quanto tempo os aristocratas viveram era fundamental. Também como eles tinham muito dinheiro e não tinha televisão, um motivo para uma festa de arromba nunca era demais. Somente na sociedade industrial é que medir o tempo individual passou a ser necessário. Com quantos anos eu devo colocar uma criança a trabalhar numa máquina que pode mutila-lá?

A educação do proletariado surgiu aprissioná-lo


A Revolução Industrial fez com que a produção manual de bens fosse relegada a segundo plano. Os ofícios dos artesãos já não tinham mais sentido. A burguesia necessitava de pessoa que soubessem operar as novas máquinas. Aí surge a "educação para uma profissão". Aí também foi necessário estruturar um sistema, propedêutico, onde o filho do operário pudesse ir absorvendo os conhecimentos necessários para operar aquela máquina. Aqui surge essa outra convenção de que a educação liberta o cidadão. Ela pode libertar sim, mas essa educação que os filhos dos trabalhadores recebem apenas os aprissionam na sua classe. Proletário continuará sendo proletário - de preferência sem consciência de classe. Ah, aqui determinou-se que 7 ou 6 anos era era a idade ideal para entrar na escola. Então os filhos dos pobres também faziam aniversários, embora não houvesse o que comemorar.

A partir daí uma série de legislações tornaram referenciais algumas idades. Quatorze anos para ingressar no mercado de trabalho; Dezesseis para votar; Dezoito para ser totalmente responsável pelos seus atos. Como uma curiosidade final, até o quarto século a Igreja Católica proibia a comemoração de aniversários por considerá-los práticas pagãs. Isso só mudou quando ela mesmo começou a comemorar o nascimento do criador da religião, em uma festa pagã, que se chamou Natal.

Ensino compartimentado


Um dos efeitos colaterais do ensino compartimentado e sequencial como o praticado em quase todo o mundo é a premiação a quem completa uma das etapas. Se você pedir para uma criança de 8 anos para que serve a segunda série ela, provavelmente responderá: "Para passar para a terceira". Um estudante do ensino médio não seria tão honesto, mas nossas escolas encaram esse grau de ensino como preparatório para o vestibular!

Mas não há nenhum grande desafio em concluir as sucessivas séries do ensino fundamental ou médio. A dificuldade está em se manter numa escola chata, pouco aprazível, desmotivadora e não desafiadora. Isso sem falar na dificuldades da vida diária: falta de comida em casa, desemprego dos país, etc. Ao chegar na universidade há a tradição da formatura, ou seja, conceder "grau superior". No final de tudo isso, a não ser pela falta de dinheiro, é muito provável que qualquer pessoa consiga. Então onde estão os méritos disso?

No final percebemos que muitas convenções que hoje achamos normal e inquestionável são frutos de uma organização social que privilegia o capital. E datas comemorativas são um grande negócio. No nosso calendário há 7 meses gordos, onde os capitalistas estimulam o consumo. Até mesmo o Natal, que para os Cristãos é o nascimento de Cristo, que não era comemorado até o século quarto, virou um negócio.

Em resumo. Cuidado com as convenções que você segue elas podem ser simplesmente uma estratégia do capital para que você consuma cada vez mais e faça a "roda da economia girar", mas não ao seu favor.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Avatar, qual é a desse filme?

A Edição do Globo de Ouro que ocorreu no domingo, 17/11, premiou o filme de James Cameron com a estatueta de Melhor Filme e Melhor Diretor. O filme havia sido indicado, também para as categorias de Melhor Música (Original) e Melhor Trilha. O filme celebra a volta de Cameron depois de seu mega sucesso Titanic, de 1997. Avatar não só está conseguindo ser uma das maiores bilheterias da história do cinema, como está também gerando muita polêmica. Algumas dessas polêmicas são mais fruto de confusão mental do que propriamente uma análise mais profunda sobre o filme. Mas o que tem de tão espetacular nele?

Eu assisti a versão 2D. Lamentavelmente em Caxias não há sala 3D. Talvez eu ficasse muito mais impressionado com os efeitos especiais e esquecesse completamente a história se tivesse um óculos com uma lente de cada cor. Para começo de conversa o que mais me chamou atenção no filme foi o capricho do diretor e dos responsáveis pelos efeitos especiais de criar um mundo completamente do nada.

Centenas de filmes de ficção científica criaram aliens, mas esse é o único que criou uma biosfera inteira. Tinha seres que correm, nadam, rastejam e voam e tinham humanóides também. O detalhe na definição dos habitantes desse mundo extraterreste encanta, na minha opinião, mais do que qualquer outro elemento do filme. Tem também uma relação simbiótica entre seus habitantes. Parece que o roteiro foi escrito baseado nos livros de Fritjof Capra (como citou @anahifros no twitter). Essa é a relação que mais causou incomodo há alguns críticos do filme.

Em sua coluna no Jornal Correio do Povo, Juremir Machado, chama o filme de "Um faroeste tecnológico na Amazônia. Feito para crianças, explora o mercado da ecologia.". Essa é uma afirmação muito infeliz, para ficar por aqui nos adjetivos. Demonstra que não há um compreensão mais profunda sobre a própria história. A proposta criada por Cameron apresenta Pandora como um mundo onde todos os seus seres vive em harmonia com o meio ambiente. Mas não aquela harmonia que apontamos como o modo de vida indígena. Cada ser desse planeta é profundamente conectado com o outro. Aí que se encaixa o pensamento de Capra e vai além do que ele escreveu. Estamos aqui falando de como a presença, humana ou não, pode alterar um ecossistema inteiro que está profundamente conectado. Sendo ou não você um ambientalista radical, é cada vez mais evidente que o que fizemos com o nosso meio ambiente afeta o planeta como um todo. Cameron mostrou isso utilizando recursos lindísssimos.

Aqui entra um outro detalhe. O roteiro do filme começou a ser escrito em 1994, muito antes do boom ambientalista dessa década. Portanto para quem critica que o filme é um eco-radical faltou um pouco de pesquisa para posicionar a história quando ela começou a ser feita.

Outro tipo de crítica diz que o filme faria coro a nova ordem americana detonando George W. Bush. Bush teria sido retratado na personagem do Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang). Tá certo que o Coronel Quarich é tão belicoso como os dois Bush, ele é até um pouco caricato, mas daí para frente é pura paranóia na minha opinião. Outra questão de falta de entendimento do filme é dizer que o exército americano é expulso de Pandora. Em nenhum momento do filme fala-se que o exercito seja o americano, isso é fruto de mentes muito americanizadas. O exército que protege os "investimentos" em Pandora é um exército mercenário. Essa é uma das primeiras falas do filme.

Não foram nenhum desses dois elementos - relação simbiótica com a natureza e a derrota de um exército mais forte por um mais fraco - que me chamaram atenção no filme. A principal questão que fiquei refletindo é a eterna pergunta: "Devemos intervir e/ou julgar uma sociedade por sua cultura?". Gene Roddenberry, em Star Treck, tenta responder essa pergunta criando as Diretrizes da Frota Estelar, a primeira diz: "...nenhum membro da Frota Estelar pode interferir com o desenvolvimento normal e saudável da vida e da cultura de uma espécie alienígena."

Na minha opinião fica muito claro a mensagem que o filme quer transmitir nesse ponto. Quem somos nós para julgar uma cultura? Se os Na'vi tem uma árvore com seu Deus devemos acha-los inferior? Claro que não. Isso vale também para a vida aqui na Terra. Aí sim talvez uma critica ao governo belicoso dos Bushs ao taxar culturas que não tinham os mesmos valores da sua como "eixo do mal" ou então tentar converter o mundo, a força, as concepções puritanas que inundaram o seu governo.

E a tecnologia? Bom isso é um caso a parte. Na verdade é um show a parte. Avatar é o primeiro filme legendado feito em 3D. A qualidade dos efeitos nos fazem ficar em dúvida do que é realidade e o que é animação. Na minha opinião Avatar nos mostra um futuro cinematográfico onde não podemos mais acreditar nos nossos olhos. Ele não traz nenhum grande avanço na linguagem do cinema, isso é verdade. O que ele faz, e faz bem e criar um mundo de ilusão que nem nos mais loucos sonhos você poderia atingir. Ao olhar a tela parece que há o uso de todas as milhões de cores possíveis, e como elas combinam bem! Os planos de câmera devem fazer muito mais sentido na versão em 3D onde há o privilégio ao elemento de primeiro plano e também há grande profundidade de campo.

Se o filme não modificou o cinema na sua estética, modificou ele na sua produção. A empresa Weta Digital, que já esteve envolvida na criação de filmes como “Eragon”, “Senhor dos Anéis”, “King Kong” e “Eu, Robo”, foi a responsável pela criação de um dos maiores datacenter do mundo. Vocês fazem ideia do tamanho dele? Foram 4.352 servidores HP ProLiant BL2×220cG5, com 104 Terabytes de memória RAM, que encaminhavam para um sistema de armazenamento de 3 Petabytes! Os servidores trabalhavam 24 horas por dia e processavam 1,4 milhões de tarefas diárias processando cerca de 7 Gigabyes por segundo. Cada frame do Avatar tem 12 MB. Importante, os servidores rodavam Linux (veja essa matéria).

As câmeras de filmagem são um espetáculo extra. Foram especialmente desenvolvidas para o filme pela Sony criando, assim, uma nova geração de câmera estereoscópicas. Mas não é um 3D comum onde um elemento salta da tela em sua direção. A tela inteira tem profundidade, com isso a tela de cinema vira um palco (isso não dá para ver em 2D - infelizmente). Na foto ao lado Cameron segura uma dessas câmeras.

Foram sete anos de trabalho para criar o sistema de câmera
estereoscópica mais avançado do mundo. As câmeras funcionaram à
perfeição no set de “Avatar”, permitindo que as cenas se fundissem
suavemente com as imagens em computação gráfica, num processo uniforme.

O filme é surpreendente. Se você ainda não viu, veja. Assistir ao filme em casa só se você tiver uma televisão HD e Blue ray. Toda a emoção e sensação de ver o filme no cinema se perderia em nossas televisões.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Os que lutam toda a vida são imprescindíveis


Imprescindível seria o termo correto para qualificar Daniel Bensaid. Esse militante e filósofo francês nascem em Tolouse, em 1946. De orientação trotskista, foi um dos líderes do movimento de maio de 1968, na França, quando era militante da Juventude Comunista Revolucionária (JCR).

Bensaid também foi membro do Secretáriado Unificado da Quarta Internacional e um dos fundadores do Novo Partido Anticapitalista. Era professor da Universidade Paris VIII. Bensaid foi um dos grandes intelectuais antiglobalização e participou em diversas edições do Fórum Social Mundial.

Publicou vários livros de ensaio político, de debate e de filosofia, sobretudo sobre Karl Marx, Walter Benjamim e o pensamento socialista contemporâneo, e afirmou-se como um dos mais importantes pensadores revolucionários dos anos do combate ao Império, à guerra e ao liberalismo selvagem que é o capitalismo realmente existente.

Bensair morreu na manhã de hoje (12/01), de câncer, em Paris. Nesse link trago uma entrevista que ele concedeu à Fundação Perseu Abramo em novembro de 2008.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Disco People - Ampex

O segundo semestre de 2009 foi bastante criativo. Eu fiz a disciplina de Vídeo Digital do curso de Bacharelado em Tecnologias Digitais. O objetivo da disciplina, discutido ao longo do semestre, foi a produção de vídeo clipe. A banda que seria nossa cobaia foi a Ampex.

O primeiro desafio foi a produção do roteiro, com a turma dividida em grupos, cada grupo elaborou o roteiro de uma das músicas da banda. No final o roteiro escolhido bom a da música Disco People. A partir daí veio a produção do vídeo. Planejar, procurar por figurantes, figurinos, conferir as locações, filmar, edital, finalizar, ufa! Foi um longo, e trabalhoso, processo.

A versão final está aqui abaixo, junto com a ficha técnica da produção.





Produção
Alexandre Masotti
Jean Michel Bachmann Taffarel
Jéssica Angel Facchin
Jéssica Bonatto da Rosa
Nicole da Rocha
Ohanna Schmitt Bolfe
Rafael Spiler (Poste)
Rangel Rizzi

Roteiro e Story Board
Jéssica Bonatto da Rosa
Nicole da Rocha

Imagens
Alexandre Masotti
Rafael Spiller (Poste)

Edição
Ohanna Schmitt Bolfe
Alexandre Masotti

Elenco
Alexandre Masotti
Jean Michel Bachmann Taffarel
Jéssica Angel Facchin
Jéssica Bonatto da Rosa
Nicole da Rocha
Ohanna Schmitt Bolfe
Rafael Spiler (Poste)
Rangel Rizzi

Participação Especial
Carolina Maciel
Gisele Pires
Liliam Maschio
Marcelo Piccoli Paris
Marciano Lagni Capellari

Banda Ampex
Jéssica
Joana
Nicole
Suelen
Valquiria

Direção
Jéssica Bonatto da Rosa
Nicole da Rocha

Orientação
Profª Liliam Maschio

Agradecimentos
Aldo Zat
Ale Silva
Enilda Gabana
Rosiana
Seus Assis
Silvana Gervasoni
Equipes de Limpeza e Segurança do Campus 8

Realização
Laboratório de Áudio e Vídeo - Lavi
Campus 8 - Cidade das Artes
Universidade de Caxias do Sul