quarta-feira, dezembro 08, 2010

Há 30 anos 4 tiros calavam John Lennon

8 de dezembro de 1980 é uma daquelas datas que ficam no imaginário mundial. Talvez não de todo mundo literalmente pois a globalização, seja cultural ou da informação ainda não era tão palpável quanto hoje. Mesmo assim quando às 23 horas do desse dia Mark Chapman dispara, na frente do Edifício Dakota (foto), em Nova York, 5 tiros, quatro deles acertando Lennon o mundo silenciou. Lennon foi uma das personalidades mais influentes do século XX. Mudou a música, mudou hábitos e foi um ativista tanto pela paz quanto pelos direitos humanos.

Mark Chapman, por sua vez, nasceu no Texas em 1955. Se dizia fã dos Beatles, porém era uma pessoa atormentada por algumas declarações que o próprio Lennon tinha dado. Numa delas ele teria dito que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. Em outra, na música Imagine, John diz que os céus e o inferno não existem. Chapman um religioso obstinado e isso o incomodava muito. Ele disse à época que ouviu uma voz misteriosa que lhe repetia: "Do it, do it, do it" (faça isto) quando John passou por ele. E que, antes do cantor aparecer, "Não havia emoção no meu sangue. Não havia raiva. Não havia nada. Era um silêncio mortal no meu cérebro." Chapman também disse em entrevistas que pediu ajuda a Satanás para possuí-lo e assim cometer o crime.

John Lennon quando iniciou suas atividades pacifista de forma mais intensa foi duramente perseguido pelo FBI, que investigavam cada um de seus passos. Após a sua morte a agência federal americana admitiu que o investigava. Na época os Estados Unidos estavam enterrados nos lamaceiros do Vietnã e a ideologia Nixon espalhava uma paranóia generalizada pela nação (é válida a comparação do Bush com o Iraque).

Muito se especula se o crime não teria sido encomendado, afinal se existe uma dúvida que um presidente (Kennedy) foi morto por uma conspiração que envolvia seu próprio governo, o que custava matar um músico? Uma coisa é certa Chapmann não agiu sozinho. Ele é fruto de seu meio. Ele é fruto de uma sociedade fervorosamente religiosa e irracional, de uma sociedade que cultua a violência e despreza o que "não é americano". Essa irracionalidade e obscurantismo religioso tiraram a vida de uma das maiores vozes do século XX.

Imagine, que foi considerada um hino pela paz (e que toca em toda a propaganda de final de ano em qualquer festa, rádio, ou TV), juntamente com Give Peace a Chance, são duas entre muitas músicas dessa fase ativista de John. Particularmente eu acho o clipe de Imagine (clique no link para assistir) uma das coisas mais sensacionais já feitas. Não por que é sofisticado, cheio de efeitos especiais, mas por sua incrível sensibilidade. John e Yoko aparecem caminhando, de costas, em meio a neblina ao som de pássaros até chegarem a porta de casa. Na próxima tomada vemos uma sala ampla, escura, com John tocando piano ao fundo. A sala vai sendo iluminada quando a Yoko vai abrindo as janelas. É a única luz que incide no ambiente. Simples, emotivo e não faz perder o foco do principal, a música.

Hoje Lennon teria 70 anos se não tivesse sido assassinado. O mundo não ficou melhor do que na década de 1980, não ficou mais pacifico, nem mais justo. Ainda estamos longe de imaginar um mundo sem posses, sem países, sem motivos para matar ou morrer, mas precisamos dar uma chance a nós mesmos por que senão ninguém dará.


Um comentário:

Anônimo disse...

O rapaz se incomodava com os beatles fazerem mais sucesso que jesus mas pediu ajuda à satanaz para matar jhon lennon...
Mas quem disse que a loucura faz sentido, não é mesmo? :-)

beijos
Di