Se já não bastasse o AI5 digital, o famigerado projeto de lei do Senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG), outros projetos se juntam a essa prática. Mesmo o Obama já apresenta um projeto que criaria uma "porta dos fundos" em todos os provedores de internet para que seja feita "uma escuta eletrônica".
Juntando-se a isso e sempre procurando uma "causa nobre" outros projetos são apresentados. Estava olhando hoje o site da Câmara dos Deputados onde encontrei a matéria do projeto 7439/10, do deputado Edmar Moreira (PR-MG). Esse projeto propõem que os provedores de internet instalem um filtro de conteúdo que atingiria conteúdo, segundo o autor, pornográfico ou que incitem a violência, o consumo de drogas, a discriminação racial, propaganda nazista ou pedofilia.
Na verdade na intenção de mostrar serviço os deputados propõem uma enorme lista de insanidades. Essa é uma delas, na minha opinião. Não que não seja nobre que esses conteúdos não sejam divulgados e que nossas crianças "sejam protegidas" da violência ou da pedofilia. Acontece que já existe inúmeras ferramentas de filtro de conteúdo disponíveis no mercado, muitas delas gratuitas. O problema de acessar ou não conteúdo pornográfico, discriminatório ou que seja não está ligado a que você tenha ou não acesso a esse conteúdo, é uma questão educacional. Antes da internet, menores de idade conseguiam ter acesso a revistas pornográficas, mesmo sua venda sendo proibida.
O grande problema desses filtros é que eles se baseiam por palavras. Muitos já vem com listas de sites, mas eles precisam ser ensinados sobre o que filtrar. Por exemplo se eu colocar um bloqueio que atinja a palavra "sexo", um site pornográfico será bloqueado como também um site que tenha a citação do livro "O Segundo Sexo" (Simone de Beauvoir). E convenhamos se quiséssemos mesmo evitar que nossas crianças recebam conteúdo impróprio deveríamos estar discutindo as novelas e os programas dominicais, como o Domingão do Faustão, que simulou, no último domingo, um acidente com o atriz e cover de cantora Suzana Vieira, para que um de seus seios ficasse a mostra.
Mais, o melhor jeito de evitar que nossas crianças não acessem conteúdo violento ou pornográfico é melhorando a sua educação. Cabe aos pais não deixarem seus filhos com a nova "babá eletrônica" que é o computador e cabe aos professores se atulizarem e saírem da idade das cavernas que foram transformadas nossas escolas.
O mundo digital é extremamente rápido e caótico e uma criança de 10 anos já tem mais informações do que um adulto com o tripo de sua idade. Então converse mais e filtre menos.
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