segunda-feira, abril 12, 2010

Não adianta só copiar o Obama

A campanha de Obama para presidente usou muito as mídias sociais. Isso foi um diferencial de sua campanha. Ele optou por dialogar com um setor social, a juventude, que estava de fora do processo político americano. Mas não foi só blog, twitter, facebook. Foi uma estratégia toda que compreendia até mesmo a marca da campanha "Sim, nós podemos".

A partir daí foi criado um "consenso" de que as próximas eleições terão forte influência das mídias sociais e da internet, que um candidato sem internet ficará para trás e todo mundo partiu para criar seu blog, twitter, facebook, orkut e outras coisas mais. Acredito que essas ferramentas terão cada vez mais importância e despreza-las seria um erro, mas um erro maior é não saber usa-las. A experiência do Obama não pode ser trazida sem alterações para o Brasil.

Esse final de semana trouxe a prova disso. A convenção que lançou José Serra para presidente torrou quase 500 mil reais (dizem que foi até mais). O Serra foi um dos primeiros políticos a ingressarem no twitter e seu perfil @joseserra_ tem mais de 190 mil seguidores. A convenção seria transmitida pela internet e o Serra mandaria mensagem diretamente dela. Estava tudo pronto para que o Serra fosse a sensação do Twitter no sábado.

Entretanto...

Uma casualidade da vida (a queda do avião com o presidente da polônia) e a construção/disseminação coletiva de uma idéia colocaram toda a estratégia do PSDB a perder. Por volta das 15 horas do sábado alguém cria a hastag #SerraPresidentedaPolonia e ela se espalha feito pólvora pelo twitter, tanto que ficou listada entre os 10 tópicos mais comentados entre os brasileiros. Como comentou no seu twitter o Marcelo Branco, que agora está na equipe de mídias sociais da Dilma, "Hj, mais uma vez, a criatividade descentralizada da rede bateu a criacao centralizada. #FHSerra e #SerraPresidentedaPolonia ganharam o dia."

O que aconteceu? A rede não pode ser ser controlada, a massa que acessa a internet tem vida própria, para o bem o para o mal, mas tem. Num dos primeiros post da Dilma ela disse que não conseguirá ficar online o tempo todo e outras pessoas farão postagens. Isso é honestidade, e a rede descobre os desonestos.

A Dilma, nesse caso, está muito mais assessorada para enfrentar esse novo campo, desconhecido para a maioria, das mídias sociais. Mas todos os candidados ou assessores estão preparados igualmente? Os do Serra já mostraram que não. Quem tá na rede tem outra linguagem, se relaciona de outro modo. Entrar na rede é se expor. Vai receber elogios e vai receber muitas críticas também e a resposta tem que ser imediata. 24 horas para a net é um mês para uma mídia convencional. Atenção aí galera que vai assessorar candidatos ou que já faz isso.

Duas coisas importantes relacionadas a isso:


1 - O Serra tem o Jornal Nacional qe deu 4 minutos de cobertura. Um absurdo em termos de TV.

2 - A Dilma lançou seu twitter no domingo. @dilmabr em 24 horas já contava com mais de 12 mil seguidores (veja abaixo). Ela entrou com tudo na briga.



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