A vida realmente é uma caixinha de surpresas. Enquanto o mundo inteiro clama por mudanças existem pessoas que defendem a continuidade. Os exemplos são inúmeros das necessidades de mudar a sociedade e o jeito de fazer as coisas. Os governos antes neoliberais, sofreram uma pesada derrota em seu projeto com a crise provocada pela sua própria ideologia. Resultado? Mudar o sistema financeiro. Impor um controle maior aos bancos e aos especuladores. Até o impensável vão fazer, estatizações de bancos e empresas.
Na onda de mudança fez com que o belicoso (para ficar no politicamente correto) Bush, desse lugar ao diplomático Obama. Mudou a América Latina. Cada vez mais presidentes de esquerda (tá de centro-esquerda para contentar os mais ortodoxos). O último exemplo disso foi o presidente de El Salvador, Mauricio Funes, da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional que já foi um grupo de guerrilha.
Esse preâmbulo é para constatar que a mudança, além de bem vinda é necessária. Então porque alguém imporia uma barreira para isso? Eu também não sei a resposta, mas a pergunta me deixa intrigado. Tudo começou numa tarde de sábado, quando participei de uma reunião onde estaria sendo discutido, o pretenso programa para uma chapa que concorreria as eleições de uma entidade.
Bom, aí já tem uma coisa errada. Estava discutindo programa depois de haver a discussão sobre a política de alianças. Já estava certo que haveria uma aliança tática e se manteria uma direção, que apesar de ter problemas, taticamente falando, era melhor do que estar fora. Beleza então. O que podemos fazer para melhorar a atuação da tal diretoria? Fiz uma fala onde apontei alguns problemas na condução das lutas da tal entidade. A necessidade dela se posicionar de forma mais independente e a importância de discutirmos uma nova cultura política de atuação no movimento.
Faço aqui um parênteses pois discutir uma nova cultura política é uma prática da organização política a qual milito, e esse é o principal diferencial de atuação nos movimentos e é o que ainda me faz acreditar que alguma coisa pode ter jeito na política, pois somos sujeitos da transformação, logo somos responsáveis por mudar o que achamos errado.
A minha fala foi até bem recebida pelos demais participantes da reunião. Alguns criticaram alguns pontos, outros concordaram com outros, mas o que mais me deixou intrigado foi a posição da pessoa que coordenava a reunião e pertence, paradoxalmente, a mesma organização. Pasmem, ele afirmou que como as pessoas passam muito tempo no movimento não podemos mudar a cultura política. Em resumo temos que fazer as coisas do mesmo jeito!
Não acreditei. A principal crítica é o uso proselitista do movimento. É a política do favor, do jeitinho. E aí alguém diz que isso não pode mudar. E esse alguém está em poder de tomar decisões e representar um grupo maior ainda. Repito, não acreditei.
Quando o pragmatismo no movimento chega até o ponto de você achar natural o desvio ético é que alguma coisa está muito errado. Eu fico pensando. É tão importante o poder que ele não pode ser relevado nem para manter a consciência? É tão fundamental ser direção que há o risco de negar tudo o que defende? Não consigo as respostas para isso, espero que os leitores desse texto me ajudem nos comentários.
Ao final da reunião não tive dúvida encontrei um representante da "velha política", na pior definição do termo.
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