É noite, olho pela janela e o lado de fora me parece familiar e estranho ao mesmo tempo. Acho que já vi essa imagem, na minha mente aparece a imagem de uma tela de Van Gogh. Sim, é Monticelli. Foi fácil descobrir. Continuo lendo meu livro. Estou calmo e tranquilo. A luz da vela quase não treme.
Derrepente percebo uma sombra, minha respiração começa a ficar acelerada. O que será essa sombra? O que está surgindo das profundesas da escuridão? Antes de poder pensar sobre isso apaga-se a vela e sou encoberto por um breu que luz nenhuma parecia penetrar. Tão logo como apareceu ele desaparece. Estou agora numa biblioteca. Na minha frente há livros, muitos livros, estantes e estantes de livros. Sinto um impulso, tenho que organizá-los. Um a um, um ao lado do outro, uma tarefa repetitiva. Minha respiração começa a acelarar cada vez mais, minhas mãos não param de executar a tarefa. Meu peito doi. Essa dor vai subindo pela minha garganta, não consigo segurar. Solto um grito tão alto que ele estremesse o ambiente.
Estou calmo novamente. Olho pela minha janela e vejo uma paisagem novamente. Não é mais noite. Vejo um campo e um pinheiro. Cores vibrantes e fortes inundam minha retina. Por que estou vendo quadros do Van Gogh? Agora estou pintando. Sobre a mesa há tinta, pinceis, uma cartolina. Estou feliz. Estou calmo, tranquilo. O que está se passando comigo?
Ouço um ruído. Minha sala começa a escurecer. Tenho medo de me virar. O pavor atinge minhas pernas. Um véu negro me encobre novamente. Nããããããããão!
Resurjo sentado em uma carteira escolar. Na minha frente lápis e papel. Começo desesperadamente a escrever uma combinação de dois números: 0 e 1. Para mim essas sequências tem lógica. Parece que eu as compreendo. Olho para o lado e há uma infinidade de pessoas iguais a mim fazendo a mesma coisa. O trabalho é cansativo. É exaustivo. Minha mão treme. Meu coração acelera. Meu estômago doi. É um dor aguda. Não consigo resistir.
Nesse momento ouço um bip. Tudo congelou. O que está acontecendo? Parece que a imagem está se desmanchando, tudo virou apenas uma combinação de zeros e uns.
Tudo fica preto. Uma outra imagem aparece...
¹O autor da frase do título é Mário Quintana.
² Esse conto se transformará em um vídeo para a disciplina de Cibercultura do curso de Bacharelado em Tecnologias Digitais da UCS.
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7 comentários:
A Pilula azul ou a vermelha?
caramba... isso tá mais pra ecstasi...
Mas tá legal... só quero ver isso virar video...
O texto me lembra aqueles momentos onde nos são impostas coisas, temas, tarefas que pessoalmente não significam e não fazem grande diferença nas nossas vidas e mesmo assim continuamos a fazer sem nos importar..(ou acostumados a não pensar!)
Alexandre,
Você é um computador com defeito???
Muito legal, manda o vídeo depois.
É um computador pensando? Ou é um pensamento sobre o computador?
Que pensa um computador? E quem pensa sobre um computador?
gostei!
010001100
Os binários e suas opções. As duas. Eu quero 0 e 1 ao mesmo tempo.
Muito bom, Van Gogh e códigos binários, frente a frente. Ou lado a lado. Gostei da equivalência.
Eu te sigo e tu me segue, ok?
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