Mas quero falar mesmo é da última peripécia da prefeitura. O aumento da passagem de ônibus para R$ 2,50. No ano passado como ia pegar mais mal que bater em mãe reajustar as passagens quando já tinham dado uma renovação de contrato de presente para a Visate, o valor ficou igual. Esse ano tentaram mas não conseguiram revisar as gratuidades aí penalizaram a população com um reajuste superior a inflação. Isso é para que o povo deixe de ser bobo e para de questionar o gringo máximo de nossa cidade.
Isso é o que a prefeitura deixou muito claro na última reunião do CMTT. Ao exercer sua força já que o executivo tem 6 cadeiras e mais 3 são dos empresários (de 18 conselheiros isso já garante quorum e maioria automaticamente), aprovou um reajuste nas passagens de ônibus de mais de 13% sem pestanejar. Essa reunião foi feita no dia 23 de dezembro, antevéspera de natal. Os argumentos para tal reajuste? Os mesmos de 2 anos atrás, ou seja, a Visate já conhecia o quadro do tranporte público caxiense e mesmo assim quis continuar, logo deve ser um bom negócio. Mas quais os argumentos?
1 – O número de passageiros está praticamente igual ao de 2008.
2 – As gratuidades, principalmente as dos idosos entre 60 e 65 anos aumentaram muito.
O número de passageiros está igual, porque o transporte público é ruim. Não que os ônibus sejam velhos ou sujos, é porque ele é ineficiente. Os ônibus atrasam, nos horários de pico estão sempre ultralotados e, nos corredores de ônibus, às vezes a pé você é mais rápido que o ônibus.
As gratuidade aumentaram porque a população está ficando mais velha e mais e mais pessoas alcançam a faixa dos 60 anos. Só que a lei que dá gratuidade na faixa dos 60 a 65 anos é municipal e a Visate já sabia disso. Se topou as regras ou é mal administrada ou a prefeitura prometeu fazer algo que não conseguiu (no caso acabar com as gratuidades).
Um pequeno teatrinho foi feito entre a Visate e o Secretário de Transportes mas depois a votação foi matadora, 12 a 3. A reunião foi assistida por uma platéia, embora pequena, mas representativa. Estavam presentes representantes do Sindicato dos Servidores, SindiServ, UAB, DCE, MTD e outros movimentos. Até servidores da prefeitura vieram ver o barulho que saia do auditório da prefeitura. Talvez a única vez, em 2010, que o povo esteve presente na prefeitura sem que seja para ser cooptado.
Na mesa os 15 conselheiros presentes, talvez quase todos não usem ônibus. Na platéia, sem direito a palavra as pessoas que usam o transporte público. O direito a palavra era feito aos gritos por algumas pessoas. Mais impressionante foi o DCE que tem cadeira no Conselho não poder participar, tudo porque a antiga gestão indicou os representantes para o CMTT depois que já tinha perdido as eleições (a posse dos conselheiros foi no mesmo dia da posse da atual gestão do DCE). Como não houve tempo para a nomeação a entidade ficou de fora. Mais um grande absurdo.
Nas palavras do Coordenador de Finaças do DCE, Vinícius Postali, publicadas no Jornal Pioneiro de hoje, "Se aquele conselho (o CMTT) representa o controle social no transporte de nossa cidade, estamos perdidos. (...) O Conselho deveria reunir-se para debater o congestionamento do Centro, da UCS, o desrespeito às leis de trânsito por parte motoristas, pedestres, fornecedores de serviço e propor soluções para isso, mobilizar a sociedade sobre a importância do tema."
Acho que isso resume tudo. O CMTT não é um instrumento de cidadania é um instrumento para tentar blindar o prefeito de aprovar medidas impopulares. O Conselho tem essa função e é por isso que reúne uma vez por ano apenas.
Foto: Lisiane Zago/Assessoria de Comunicação SindiServ