segunda-feira, dezembro 27, 2010

Papai Noel dos ricos

Quem não acredita em Papai Noel é porque não conhece o Governo Sartori. Não, eu não estou falando do prefeito que fez proselitismo barato distribuindo brinquedos no Canyon. Estou falando de um Papai Noel ao contrário. Sim, porque ele, nesse caso, dá presentes para os malvados. Não sabe planejar investimentos para a compra de terras e para o abastecimento de água? Criamos uma taxa para isso. Passou o ano eleitoral? Aumentamos os impostos. O transporte público está ruim? Aumentamos a passagem de ônibus. Não conseguiu dinheiro para fazer um filme? Toma R$ 100 mil. Sobra aos "bonzinhos" pagar essa conta sem que nada se reverta a comunidade.

Mas quero falar mesmo é da última peripécia da prefeitura. O aumento da passagem de ônibus para R$ 2,50. No ano passado como ia pegar mais mal que bater em mãe reajustar as passagens quando já tinham dado uma renovação de contrato de presente para a Visate, o valor ficou igual. Esse ano tentaram mas não conseguiram revisar as gratuidades aí penalizaram a população com um reajuste superior a inflação. Isso é para que o povo deixe de ser bobo e para de questionar o gringo máximo de nossa cidade.

Isso é o que a prefeitura deixou muito claro na última reunião do CMTT. Ao exercer sua força já que o executivo tem 6 cadeiras e mais 3 são dos empresários (de 18 conselheiros isso já garante quorum e maioria automaticamente), aprovou um reajuste nas passagens de ônibus de mais de 13% sem pestanejar. Essa reunião foi feita no dia 23 de dezembro, antevéspera de natal. Os argumentos para tal reajuste? Os mesmos de 2 anos atrás, ou seja, a Visate já conhecia o quadro do tranporte público caxiense e mesmo assim quis continuar, logo deve ser um bom negócio. Mas quais os argumentos?

1 – O número de passageiros está praticamente igual ao de 2008.

2 – As gratuidades, principalmente as dos idosos entre 60 e 65 anos aumentaram muito.

O número de passageiros está igual, porque o transporte público é ruim. Não que os ônibus sejam velhos ou sujos, é porque ele é ineficiente. Os ônibus atrasam, nos horários de pico estão sempre ultralotados e, nos corredores de ônibus, às vezes a pé você é mais rápido que o ônibus.

As gratuidade aumentaram porque a população está ficando mais velha e mais e mais pessoas alcançam a faixa dos 60 anos. Só que a lei que dá gratuidade na faixa dos 60 a 65 anos é municipal e a Visate já sabia disso. Se topou as regras ou é mal administrada ou a prefeitura prometeu fazer algo que não conseguiu (no caso acabar com as gratuidades).

Um pequeno teatrinho foi feito entre a Visate e o Secretário de Transportes mas depois a votação foi matadora, 12 a 3. A reunião foi assistida por uma platéia, embora pequena, mas representativa. Estavam presentes representantes do Sindicato dos Servidores, SindiServ, UAB, DCE, MTD e outros movimentos. Até servidores da prefeitura vieram ver o barulho que saia do auditório da prefeitura. Talvez a única vez, em 2010, que o povo esteve presente na prefeitura sem que seja para ser cooptado.

Na mesa os 15 conselheiros presentes, talvez quase todos não usem ônibus. Na platéia, sem direito a palavra as pessoas que usam o transporte público. O direito a palavra era feito aos gritos por algumas pessoas. Mais impressionante foi o DCE que tem cadeira no Conselho não poder participar, tudo porque a antiga gestão indicou os representantes para o CMTT depois que já tinha perdido as eleições (a posse dos conselheiros foi no mesmo dia da posse da atual gestão do DCE). Como não houve tempo para a nomeação a entidade ficou de fora. Mais um grande absurdo.

Nas palavras do Coordenador de Finaças do DCE, Vinícius Postali, publicadas no Jornal Pioneiro de hoje, "Se aquele conselho (o CMTT) representa o controle social no transporte de nossa cidade, estamos perdidos. (...) O Conselho deveria reunir-se para debater o congestionamento do Centro, da UCS, o desrespeito às leis de trânsito por parte motoristas, pedestres, fornecedores de serviço e propor soluções para isso, mobilizar a sociedade sobre a importância do tema."

Acho que isso resume tudo. O CMTT não é um instrumento de cidadania é um instrumento para tentar blindar o prefeito de aprovar medidas impopulares. O Conselho tem essa função e é por isso que reúne uma vez por ano apenas.


Foto: Lisiane Zago/Assessoria de Comunicação SindiServ

quarta-feira, dezembro 22, 2010

A Rede Social

A primeira vista pode parecer um programa nerd: assitir ao filme Rede Social. Nada mais equivocado que esse pensamento. O filme que estreou em dezembro conta a história de Mark Zuckerberk um dos fundadores do Facebook. Apesar de não ter como desassociar a imagem de Mark do Facebook o filme retrata a sua ascenção de um estudante de Harvard a o bilionário mais jovem da história. Não sabiam os produtores do filme que esse ano ele seria escolhido a personalidade do ano da Time.

O filme teve boa aceitação da crítica e é uma narrativa bastante intensa. São na essência duas partes. A primeira parte mostra o jovem estudante que “hackeia” os sites dos alojamentos de Harvad para coletar as fotografias das estudantes e cria um site onde as pessoas votam na “mais gostosa”. Além de toda a polêmica causada o site alcança 22 mil acessos em duas horas e Mark ganha 6 meses de suspensão por causa de diversas violações que ele cometeu.

Nessas férias forçadas ele é procurado por dois irmãos que propõem que ele faça um site de relacionamentos que seria exclusivo para estudantes de Harvard ou para seus convidados. A partir daí o filme sugere que Mark tenha criado o Facebook dessa ideia.

Na segunda parte é a briga judicial com os irmãos Winklevoss proprietários do site HarvardConnection, posteriormente chamado ConnectU, e do seu amigo e cofundador do Facebook, o brasileiro Eduardo Saverin. Nesse ponto a narração passa a ser mais intensa com a história sendo contada através das audiências judiciais dos dois processos, que aconteceram simultaneamente.

O filme tem muitos momentos hilários por conta da figura surreal de Mark e é também uma boa pedida para quem quer entender o peso que uma ideia tem no mundo atual. É bom lembrar que o Facebook foi criado em 2004, portanto a história conta um fato extremamente recente e que ainda está marcando a vida das pessoas, ou pelo menos dos 500 milhões de usuários do Facebook.

terça-feira, dezembro 21, 2010

Mais uma tentativa de regular a internet

Se já não bastasse o AI5 digital, o famigerado projeto de lei do Senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG), outros projetos se juntam a essa prática. Mesmo o Obama já apresenta um projeto que criaria uma "porta dos fundos" em todos os provedores de internet para que seja feita "uma escuta eletrônica".

Juntando-se a isso e sempre procurando uma "causa nobre" outros projetos são apresentados. Estava olhando hoje o site da Câmara dos Deputados onde encontrei a matéria do projeto 7439/10, do deputado Edmar Moreira (PR-MG). Esse projeto propõem que os provedores de internet instalem um filtro de conteúdo que atingiria conteúdo, segundo o autor, pornográfico ou que incitem a violência, o consumo de drogas, a discriminação racial, propaganda nazista ou pedofilia.

Na verdade na intenção de mostrar serviço os deputados propõem uma enorme lista de insanidades. Essa é uma delas, na minha opinião. Não que não seja nobre que esses conteúdos não sejam divulgados e que nossas crianças "sejam protegidas" da violência ou da pedofilia. Acontece que já existe inúmeras ferramentas de filtro de conteúdo disponíveis no mercado, muitas delas gratuitas. O problema de acessar ou não conteúdo pornográfico, discriminatório ou que seja não está ligado a que você tenha ou não acesso a esse conteúdo, é uma questão educacional. Antes da internet, menores de idade conseguiam ter acesso a revistas pornográficas, mesmo sua venda sendo proibida.

O grande problema desses filtros é que eles se baseiam por palavras. Muitos já vem com listas de sites, mas eles precisam ser ensinados sobre o que filtrar. Por exemplo se eu colocar um bloqueio que atinja a palavra "sexo", um site pornográfico será bloqueado como também um site que tenha a citação do livro "O Segundo Sexo" (Simone de Beauvoir). E convenhamos se quiséssemos mesmo evitar que nossas crianças recebam conteúdo impróprio deveríamos estar discutindo as novelas e os programas dominicais, como o Domingão do Faustão, que simulou, no último domingo, um acidente com o atriz e cover de cantora Suzana Vieira, para que um de seus seios ficasse a mostra.

Mais, o melhor jeito de evitar que nossas crianças não acessem conteúdo violento ou pornográfico é melhorando a sua educação. Cabe aos pais não deixarem seus filhos com a nova "babá eletrônica" que é o computador e cabe aos professores se atulizarem e saírem da idade das cavernas que foram transformadas nossas escolas.

O mundo digital é extremamente rápido e caótico e uma criança de 10 anos já tem mais informações do que um adulto com o tripo de sua idade. Então converse mais e filtre menos.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Taxa Sartori


Lamentável, mais uma vez, a atitude da Câmara de Vereadores por fazer coro com o Sartori e aprovar, no apagar das luzes de 2010, mais uma taxa.

Os R$ 4,32 que incidirão sobre a tarifa de água de cada residência caxiense representa 23% da tarifa básica. O mais lamentável é que esse tipo de cobrança fica longe de ter seu componente social, pois não faz distinção entre os diferentes. Não importa se você é rico ou pobre, nem se gasta muito ou pouca água, o que importa é recebe água, paga a taxa.

Isso é o contramão de outras tarifas, ou contribuições, que foram propostas recentemente. Só para fazer um parelelo a contribuição que iria substituir a CPMF, propunha um isenção para quem recebesse até R$ 3.038,00 e era progressiva, ou seja, quanto mais dinheiro você tinha, mais você pagava. Isso é justiça social. E olha que boa parte dos vereadores que votaram a favor da Taxa Sartori era contra a essa contribuição para a saúde.

Entretanto votaram, sem o menor pudor, favorável a uma contribuição que prejudica, justamente quem tem menor renda. Nem a justificativa da Prefeitura é crível, pois existe uma grande linha de financiamentos do Governo Federal para Saneamento e Abastecimento, um exemplo é que o próprio Marrecas está sendo construído com financiamento federal.

Mas muito pior ainda é que vereadores do campo de esquerda esqueceram de quem dizem defender. Ao penalizar quem ganha menos, penalizaram justamente a classe trabalhadora e tiraram uns trocados dos empresários e da elite econômica de Caxias do Sul. Nota Zero para Assis Melo e Renato Oliveira (PCdoB) e Marcos Daneluz (PT).

Como votaram os vereadores:
A favor:
Alaor de Oliveira (PMDB)
Ari Dallegrave (PMDB)
Arlindo Bandeira (PP)
Assis Melo (PC do B)
Elói Frizzo (PSB)
Geni Peteffi (PMDB)
Gustavo Toigo (PDT)
Marcos Daneluz (PT)
Mauro Pereira (PMDB)
Renato Oliveira (PC do B)
Renato Nunes (PRB)
Vinicius Ribeiro (PDT)

Votaram contra:
Ana Corso (PT)
Denise Pessôa (PT)
Rodrigo Beltrão (PT)
Daniel Guerra (PSDB)

Em defesa da liberdade de expressão


Artigo publicado originalmente no blog http://movimentacaoucs.blogspot.com


Movimentação participa da rede de apoio ao WikiLeaks


Desde a semana passada a Movimentação é parceira do site de informação WikiLeaks. Esse portal de informação ficou famoso em 2010 por ter disponibilizado, na rede, informações secretas sobre a Guerra do Iraque e Afeganistão, inclusive um vídeo com militares assassinando a população civil iraquiana. Mais recentemente o vazamento de telegramas secretos da diplomacia americana gerou grandes açõe de repressão por parte, principalmente, do governo americano e seus aliados.

O WikiLeaks não é novo. Ele foi fundado em 2007 com o objetivo de ser um espaço para denúncias sobre governos e instituições. O site disponibiliza documentos originais, conseguidos muitas vezes de fontes anônimas, para que os leitores tirem suas conclusões sobre os conteúdos apresentados. O uso de fontes anônimas é uma característica do jornalismo investigativo e essa característica é inerente ao WikiLeaks.

Um dos motivos que gerou a criação do site, segundo seus fundadores, foi a percepção que eles tiveram que a mídia estava se tornando cada vez menos independente, negando-se a fazer as perguntas “difíceis” para os governos, corporações e instituições.

Como são independentes e não visam o lucro, a Fundação WikiLeaks torna-se um lugar para a livre circulação de informação e denúncias sobre os governos e outras organizações. A organização baseia-se na liberdade de expressão e informação, constante na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Por ter exposto ao mundo documentos que expunham os horrores praticados pelo governo americano nas guerras do Iraque e Afeganistão e por mostrar ao mundo a ingerência desse mesmo governo nos assuntos de outros paises, o WikiLeaks tem sofrido ataques constantes. As ações partem de grandes grupos empresariais como PayPal, Visa e Mastercard que se negam a repassar as doações a Fundação e também de empresas de hospedagem de conteúdo. Para evitar que o site saia do ar e que as informações se percam, iniciou-se um grande trabalho de constituição de “mirrors” do WikiLeaks.

Mirrors são cópias do site original exatamente com o mesmo conteúdo. A vantagem dos mirros é que as pessoas podem acessar o conteúdo usando endereços alternativos. Dessa maneira mesmo que o site original saia do ar todos os outros ficarão ativos.

É dessa campanha mundial que estamos participando. Pelo endereço http://wikileaks.movimentacaoucs.com.br a Movimentação participa como um dos mirrors do WikiLeaks no mundo. Já são mais de 1600 páginas que espelham todo o conteúdo do site original. Com essa ação estamos contribuíndo para uma imprensa verdadeiramente livre e a garantia da liberdade de informação.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Há 30 anos 4 tiros calavam John Lennon

8 de dezembro de 1980 é uma daquelas datas que ficam no imaginário mundial. Talvez não de todo mundo literalmente pois a globalização, seja cultural ou da informação ainda não era tão palpável quanto hoje. Mesmo assim quando às 23 horas do desse dia Mark Chapman dispara, na frente do Edifício Dakota (foto), em Nova York, 5 tiros, quatro deles acertando Lennon o mundo silenciou. Lennon foi uma das personalidades mais influentes do século XX. Mudou a música, mudou hábitos e foi um ativista tanto pela paz quanto pelos direitos humanos.

Mark Chapman, por sua vez, nasceu no Texas em 1955. Se dizia fã dos Beatles, porém era uma pessoa atormentada por algumas declarações que o próprio Lennon tinha dado. Numa delas ele teria dito que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. Em outra, na música Imagine, John diz que os céus e o inferno não existem. Chapman um religioso obstinado e isso o incomodava muito. Ele disse à época que ouviu uma voz misteriosa que lhe repetia: "Do it, do it, do it" (faça isto) quando John passou por ele. E que, antes do cantor aparecer, "Não havia emoção no meu sangue. Não havia raiva. Não havia nada. Era um silêncio mortal no meu cérebro." Chapman também disse em entrevistas que pediu ajuda a Satanás para possuí-lo e assim cometer o crime.

John Lennon quando iniciou suas atividades pacifista de forma mais intensa foi duramente perseguido pelo FBI, que investigavam cada um de seus passos. Após a sua morte a agência federal americana admitiu que o investigava. Na época os Estados Unidos estavam enterrados nos lamaceiros do Vietnã e a ideologia Nixon espalhava uma paranóia generalizada pela nação (é válida a comparação do Bush com o Iraque).

Muito se especula se o crime não teria sido encomendado, afinal se existe uma dúvida que um presidente (Kennedy) foi morto por uma conspiração que envolvia seu próprio governo, o que custava matar um músico? Uma coisa é certa Chapmann não agiu sozinho. Ele é fruto de seu meio. Ele é fruto de uma sociedade fervorosamente religiosa e irracional, de uma sociedade que cultua a violência e despreza o que "não é americano". Essa irracionalidade e obscurantismo religioso tiraram a vida de uma das maiores vozes do século XX.

Imagine, que foi considerada um hino pela paz (e que toca em toda a propaganda de final de ano em qualquer festa, rádio, ou TV), juntamente com Give Peace a Chance, são duas entre muitas músicas dessa fase ativista de John. Particularmente eu acho o clipe de Imagine (clique no link para assistir) uma das coisas mais sensacionais já feitas. Não por que é sofisticado, cheio de efeitos especiais, mas por sua incrível sensibilidade. John e Yoko aparecem caminhando, de costas, em meio a neblina ao som de pássaros até chegarem a porta de casa. Na próxima tomada vemos uma sala ampla, escura, com John tocando piano ao fundo. A sala vai sendo iluminada quando a Yoko vai abrindo as janelas. É a única luz que incide no ambiente. Simples, emotivo e não faz perder o foco do principal, a música.

Hoje Lennon teria 70 anos se não tivesse sido assassinado. O mundo não ficou melhor do que na década de 1980, não ficou mais pacifico, nem mais justo. Ainda estamos longe de imaginar um mundo sem posses, sem países, sem motivos para matar ou morrer, mas precisamos dar uma chance a nós mesmos por que senão ninguém dará.