De 1967 a 1999 Caxias do Sul contou apenas com uma instituição de ensino superior, a Universidade de Caxias do Sul, UCS, como todos sabemos a UCS teve seus altos e baixos, mas conseguiu superar todas as crises que ela passou ou que lhe atingiram. Um pouco desse processo de superação de dificuldades é a composição de seu Conselho Diretor, onde os entes públicos (Governo Federal e Governo Estadual) ingressaram sempre com contrapartidas de ordem econômica em algum momento da vida da instituição.
A partir de 1999 surge a Faculdade da Serra Gaúcha, FSG. Com a FSG quebra-se monopólio da UCS no ensino superior de Caxias do Sul. Deste momento em diante, fruto também da desregulamentação do ensino superior patrocinada pelo governo FHC, criam-se mais 5 instituições. Aqui não contamos as instituições de ensino à distância que se proliferam em cada esquina de nossa cidade. Isso nos mostra também outro lado da questão. A incrível demanda, represada, por ensino superior. As 8 instituições privadas até podem parecer que concorrem entre si, entretanto como a procura é muito maior que a oferta os estudantes não são beneficiados “nem de longe” pelas “regras do mercado” e estão entregues a própria sorte de valores cada vez mais elevados de mensalidades.
Nesse quadro insere-se a discussão de uma Universidade Pública, em Caxias do Sul. Essa luta começou com a intenção da Federalização da UCS. Na década de 80 um grande movimento, que conseguiu unificar a sociedade caxiense, quase conseguiu esse objetivo. O processo de federalização da UCS foi barrado por algumas forças políticas caxienses que não aceitavam o fato de perderem o “controle” da instituição. Isso, inclusive, parece ser parte integrante da cultura política de nossa cidade, ou seja, transformamos em privado tudo que é público.
Na década de 90 iniciou-se a luta pela estadualização. O deputado Beto Albuquerque, por duas vezes, apresentou um projeto de criação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, UERGS. Nas duas vezes, durante o governo Britto, o projeto foi rejeitado. Um movimento, dessa vez menor do que o pela federalização, conseguiu que o Conselho Diretor da FUCS abrisse mão do patrimônio em favor do Estado, para a estadualização da UCS. O debate da UERGS é retomado em 1999 quando as Assembléia do Orçamento Participativo Estadual elegem-na como prioridade estadual. Nasce assim a UERGS, uma instituição multicampi com sedes regionais.
Mais recentemente, com a eleição de Lula para Presidente da República, reinicia o debate da federalização da UCS. Esse movimento estava repleto de lógica. Como o governo Lula aumentou os investimentos para as Universidades Públicas, freou a instalação de universidade privadas em qualquer esquina, criou o ProUni e começou a criar novas universidades (inclusive uma no RS, a UniPampa), surgiu a esperança de, que essa vez, conseguiríamos transformar a UCS em instituição pública. Mas surge aí as prioridades estratégicas do Ministério da Educação, entre elas a criação e fortalecimentos dos Centros Federais de Educação Tecnológica, CEFETs.
Esse foi o centro da discussão do dia 28. O Deputado Federal Pepe Vargas disse que apresentou uma proposta ao MEC para que o cronograma de implantação das escolas técnicas seja alterado, trazendo a escola de Caxias para 2009.
O papel de cada um
Embora não seja sua atribuição constitucional, o município de Caxias do Sul conta com uma lei, de 1966 com a última redação em 1974, que concede Bolsa de Estudos aos estudantes universitários. Essa lei não foi , até hoje, revogada, mas os valores não são repassados desde o último semestre do Governo Vanin (2° semestre de 1996). Já houveram várias propostas que vão desde a simples revogação dessa lei até a criação de um crédito educativo municipal. Todas as iniciativas estão paradas na Câmara de Vereadores. Mais recentemente o Governo Federal abriu edital para a instalação de 10 CEFETs no Rio Grande do Sul. Os municípios deveriam apresentar uma contrapartida e, através dela, seria feito o cronograma de instalação dos centros. A contrapartida oferecida pela Prefeitura de Caxias do Sul foi tão ruim que colocou a cidade em penúltimo lugar no estado.
Na esfera estadual o descaso é ainda maior. A UERGS, criada pelo Governo Olívio Dutra, encontra-se hoje totalmente sucateada. Tanto os Governos Rigotto quanto o Yeda estão, passo a passo, apontando para o fechamento da universidade. A não contratação de professores, os cortes de verbas e a não realização de vestibulares está deixando a UERGS uma universidade sem alunos, logo, ela está definhando. Em Caxias do Sul a situação é ainda mais grave. Perdemos a possibilidade de ser sede regional para Bento Gonçalves por não haver estrutura adequada para tanto e a unidade da UERGS esteve ameaçada de despejo. Tudo isso, também, pela falta de contrapartidas do Governo Municipal. Além dos Governos Rigotto e Yeda não investirem na UERGS também pararam de abrir novas inscrições para o Crédito Educativo Estadual (criado pela Lei Estadual 10.713 de16/01/1996) prejudicando milhares de estudantes gaúchos.
Essa discussão aqui não teria sentido se não fosse o investimento que o Governo Federal vem fazendo na educação superior. Somente pelo ProUni são 2.119 (entre 2005 e 2007) vagas, totais ou parciais, abertas nas universidades de Caxias do Sul. É importante salientar que além de cobrir o custo total ou parcial dos estudos, o processo de seleção do ProUni é nacional, ou seja, fica mais protegido de interesses políticos no processo. Só as vagas do ProUni transformam o Governo Federal no terceiro, senão o segundo, maior fornecedor de vagas em nossa cidade. Podemos contar aqui também com o FIES que é uma possibilidade de financiamento, reembolsável, das mensalidades dos estudantes. Por último ainda temos o CEFET, que infelizmente será instalado somente em 2010 em nossa cidade.
Acredito ser impressindível 3 coisas para garantir a construção de uma instituição pública federal em Caxias do mesmo modo que defendo o fortalecimento da UERGS:
1 - Garantir que a contrapartida da Prefeitura, mesmo que pequena, se efetive e se possível que o cronograma seja alterado;
2 – Criar uma massa crítica “Pró-universidade Federal” para convencer a sociedade civil organizada da importância estratégica dela para nossa cidade;
3 – Desenvolver, se possível, parcerias com outras instituições públicas do RS para que se crie um embrião da futura universidade.
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