quinta-feira, outubro 18, 2007

O mercado regula tudo? O Nobel acha que não.

Uma visão, equivocada, dos liberais e até dos neo-liberais é que o mercado seria o regulador perfeito da economia. A luz de Adam Smith eles defendem que o Estado deve ser mínimo e o único regulador da economia deve ser a oferta e a procura.

Ontem, 16 de outubro, a Real Academia Sueca de Ciências disse que a história não é bem assim. Como? Ela premiou com o Prêmio Nobel de Economia 3 economistas que acham que devam existir estratégias para a regulação do mercados.

Ao premiar os economistas Leonid Hurwicz, Eric S. Maskin e Roger B. Myerson (fotos ao lado), pela elaboração e pelo desenvolvimento de uma teoria do desenho de mecanismos de mercado, a instituição que escolhe o Prêmio Nobel, faz uma crítica às teses originais de Adam Smith. A Real Academia explicou: "A clássica metáfora de Adam Smith da mão invisível refere-se a como o mercado, em condições ideais, garante a alocação eficiente de recursos escassos. Mas, na prática, as condições não são geralmente ideais".

O trabalho dos três pesquisadores baseia-se na chamada Teoria dos Jogos que cria mecanismos para a distribuição igual em função dos interesses de cada um dos participantes. O principal alvo desses agentes reguladores seriam os serviços públicos que precisam ser garantidos, de alguma forma, levando em conta as necessidades dos cidadãos. Da Teoria dos Jogos todos devem lembra do Filme Uma Mente Brilhante, que conta a história do matemático americano John Nash, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1994. Os estudos de Nash construíram as bases para a constituição da OMC (Organização Mundial do Comércio), que é um órgão regulador das relações de comércio entre os países. Concordando, ou não, a OMC é um mecanismo de controle do capitalismo. Com maior grau de perversidade, no caso dos países industrializados, contra o em desenvolvimento, a OMC é a prova de que o livre mercado não existe.

Em uma entrevista para a Agência Reuters Eric S. Maskin diz que os mercados trabalham aceitavelmente com bens chamados por economistas de bens privados. "Se eu compro um carro, eu uso o carro, você não e o mercado de carros funciona muito bem. Mas há muitos outros tipos de bens, frequentemente importantes, que não são bem fornecidos pelo mercado. Frequentemente, são encabeçados por bens públicos", acrescentou.
Os mecanismos que eles sugerem podem incluir impostos para permitir a provisão mais eficiente de bens públicos. Outro modelo seria o de leilões, como o que foi feito recentemente com as estradas federais.

Pois é, mas o interessante é que nem Adam Smith acreditava que as empresas deveriam negociar livremente. Em um trecho do livro A Riqueza das Nações ele diz: "Pessoas do mesmo ofício raramente se encontram, mesmo que em alegria ou diversão, mas se tiver lugar, a conversa acaba na conspiração contra o público, ou em qualquer artifício para fazer subir os preços." Como se vê até o pai do liberalismo acreditava que deveríamos ter cuidado com o tal mercado.

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