quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Pagú

Rita Lee e Zelia Duncan cantam uma música, uma bela música diga-se de passagem, que faz muito sucesso. Pagu que faz parte do álbum MTV ao Vivo tem um dos estrofes que diz o seguinte:

Sou rainha do meu tanque

Sou Pagu indignada no palanque

Fama de porra louca...tudo bem

Minha mãe é Maria ninguém

Mas acredito que passa desconhecido quem foi Pagu. Pagu é o pseudônimo de Patrícia Rehder Galvão (1910-1962). Ela foi escritora e jornalista, militante comunista e teve grande influência no movimento modernista iniciado na década de 20.

Quem lhe deu o apelido de Pagu foi o poeta gaúcho Raul Bopp. Ela já era uma mulher avançada para época, principalmente por ser adepta de algumas "extravagâncias" (lembrem-se que estamos falando da década de 20/30), como usar blusas transparente, fumar e falar palavrões. Nada condizente a sua origem familiar de ricos produtores rurais de café.

Em 1930 ela casa-se com Oswald de Andrade, depois dele se separar de Tarsila do Amaral (imaginem o escândalo). Militante do Partido Comunista é presa pela primeira vez por participar de uma greve de estivadores em Santos. Essa seria a primeira de suas 23 prisões.

Em 1940 rompe como o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista. No mesmo ano casa-se com o jornalista Geraldo Ferraz e passa a atuar no jornalismo. Na década de 60 ela é acometida de câncer, viaja para Paris para um cirurgia que se mostra improdutiva, de volta ao Brasil morre em 1962.

Pagú publicou os romances Parque Industrial (1933) que é considerado o primeiro romance proletário do Brasil. Esse livro foi publicado com o codinome de Mara Lobo para fugir da perseguição política e A Famosa Revista (1945) em colaboração com Geraldo Ferraz. Escreveu também contos políciais e com seu trabalho junto a grupos teatrais traduziu e introduziu autores desconhecidos no Brasil da época como James Joyce.

No ano de 1988 a diretora Norma Benguell dirigiu o filme Eternamente Pagú sobre a vida da escritora.

Em 2004 uma catadora de lixo de Santos, Selma Morgana Sarti, achou fotos e documentos originais da escritora e do jornalista Geraldo Ferraz, seu último companheiro. Entre os achados, estava uma foto de Pagu, com dedicatória para Geraldo (imagem acima).

Outra curiosidade sobre a sua vida é que numa viagem que ela fez à China, Pagu recebeu do Imperador
Pu-Yi (retratado no filme o Último Imperador) sementes de soja que foram repassadas para o cônsul brasileiro em Cobe, Japão, transformando-se nas primeiras sementes de soja introduzidas no Brasil.

Um comentário:

Betty Vidigal disse...

Embora esse fato seja mencionado em mtos dos sites dedicados a Pagu e tenha sido publicado na revista Bonifácio, uma publicação do Instituto José Bonifácio, ligado ao PCdoB, o site da EMBRAPA afirma q
"A soja chegou ao Brasil via Estados Unidos, em 1882. Gustavo Dutra, então professor da Escola de Agronomia da Bahia, realizou os primeiros estudos de avaliação de cultivares introduzidas daquele país.


Em 1891, testes de adaptação de cultivares semelhantes aos conduzidos por Dutra na Bahia foram realizados no Instituto Agronômico de Campinas, Estado de São Paulo (SP). Assim como nos EUA, a soja no Brasil dessa época era estudada mais como cultura forrageira - eventualmente também produzindo grãos para consumo de animais da propriedade - do que como planta produtora de grãos para a indústria de farelos e óleos vegetais.


Em 1900 e 1901, o Instituto Agronômico de Campinas, SP, promoveu a primeira distribuição de sementes de soja para produtores paulistas e, nessa mesma data, têm-se registro do primeiro cultivo de soja no Rio Grande do Sul (RS), onde a cultura encontrou efetivas condições para se desenvolver e expandir, dadas as semelhanças climáticas do ecossistema de origem (sul dos EUA) dos materiais genéticos existentes no País, com as condições climáticas predominantes no extremo sul do Brasil."

Pena, né? Eu tb queria q Pagu tivesse sido responsável por isso!