sexta-feira, abril 23, 2010

Agora ninguém é contra as gratuidades

Precisou de manifestações, pressão da população e uma audiência pública para sepultar, pelo menos por enquanto, as retiradas de direitos de estudantes, idosos e portadores de necessidades especiais do transporte público. No mês de março o então Secretário de Trânsito, Vinícius Ribeiro, apresentou durante o Fórum dos Usuários um estudo que apontava o impacto que as gratuidades tinham no valor da passagem. O recado era claro. Ou revisasse as gratuidades, e aí discorria uma série de propostas, ou as passagens terão que ser reajustadas.

O que o Governo Sartori não contava era com a contrariedade da população. A proposta ganhou a mídia com muita força e a população logo tomou posição contrária a perda dos direitos. Até mesmo a mais polêmica delas, o passe livre aos domingos, ganhou inúmeros defensores. A UAB realizou um ato, em frente à Secretaria, no dia 1º de abril e a Comissão de Legislação Participativa e Comunitária (CLPC) da Câmara de Vereadores, presidida pelo vereador Rodrigo Beltrão, chamou uma audiência pública para o dia 12 de abril. É sobre essa audiência que vou falar abaixo.

Representando a Secretaria de Transportes, Jorge Dutra, novo secretário, qualificou o transporte público em Caxias do Sul como de boa qualidade, mas que ainda há muitas melhorias para serem feitas. Dutra garante que as gratuidades estão em lei e serão respeitadas (mas então o que a secretaria queria fazer mesmo?). Entretanto o novo secretário admite que outras ações podem ser feitas para o barateamento das passagens. Além da redução dos impostos há ações como: pavimentações de vias por onde o ônibus passa para reduzir o tempo de viagem e o desgaste dos veículos; os binários, perimetrais e rotas alternativas que organizam melhor o fluxo do trânsito.

Representando a Visate o seu gerente administrativo, Gustavo dos Santos, foi um homem de poucas palavras. Simplesmente falou que em 5 anos aumentou em 10% o montante de gratuidades. Além disse reafirmou que a Visate cumpre o que o gestor público determina, ou seja, a Prefeitura.

Coube, então, ao representante do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes, Enio Brambatti, a intervenção mais surreal de todas. Sua fala teve pérolas do tipo: “alguém acha que tem um poço de petróleo embaixo da Visate?”. Brambatti fez a defesa mais apaixonada pela empresa de transporte. Por incrível que pareça ele não é do Conselho é apenas a pessoa que faz a ata, ou seja, um secretário. Surreal é pouco.

O presidente da UAB, Daltro da Rosa Maciel, fez sua fala na defesa dos direitos adquiridos. Disse que o passe livre, aos domingos, é um direito da população e se há insegurança que o poder público dê segurança ao transporte.

E o povo fala

Em nome dos portadores de necessidades especiais (PNEs), Tibiriça Vianna Maineri, falou, por meio da língua de sinais, que o Passe Livre melhorou a vida das pessoas portadoras de deficiência. Segundo ele cerca de 10% dos portadores de necessidade utilizam o passe livre, “o passe livre é importante para que os PNEs possam se inserir na vida em sociedade”, falou .

Saíram na defesa do passe livre para os aposentados os integrantes da UAB Valdir Pierozzan e Juçara de Quadros. Pierozzan foi enfático ao afirmar que os aposentados já contribuíram muito com a sociedade “e agora querem tirar o passe do aposentado?”, indagou o líder. Juçara questionou a posição da Visate que afirmou que havia um usuário que utilizou o passe livre 40 vezes num dia. “Querem considerar o caso de uma pessoa e achar que todo mundo é igual?”.

Três estudantes usaram a palavra. A acadêmica de direito Cibele Baginski falou que estudantes que fazem um número maior de disciplinas acabam não tendo passagens suficientes durante todo o mês. O também acadêmico de Direito e Coordenador de Integração Estudantil do DCE, Leonel Ferreria, defendeu a manutenção da meia passagem estudantil e sua ampliação para passe livre para os estudantes do ensino fundamental. A posição do integrante do DCE deixou atônitos alguns estudantes presentes, pois era a primeira vez, em bastante tempo que o dirigente tinha uma posição na defesa dos interesses dos acadêmicos. Por fim o secretário geral da União Estadual de Estudantes, Cristiano Cardoso, questionou os presentes: “quem deve pagar o preço da redução do valor do transporte? São os idosos, estudantes e PNEs?”.

A presidente da Assembleia Geral da UAB, Tânia Menezes, afirmou que quando a entidade propôs discutir as gratuidades o objetivo não era de tirar os benefícios. Questionou, também, que não há técnicos disponíveis para fazer uma avaliação das planilhas de aumento das passagens. Luiz Pizzetti, presidente de honra da UAB, falou que os direitos adquiridos só são mantidos se as pessoas se mobilizarem.

E os vereadores?

Falaram 6 vereadores. Renato Nunes, Ana Corso, Denise Pessoa, Renato de Oliveira e Mauro Pereira se posicionaram contrários a retirada das gratuidades. Renato Nunes foi ainda mais longe. Ele disse que quando a proposta de renovação do contrato da Visate foi discutida na Câmara a promessa era que iria melhor a prestação do serviço e que iria baratear as passagens. “Mudou o ano e a história mudou”, indignou-se o vereador. A vereadora Ana Corso lembrou que o passe livre aos domingos foi aprovado durante o governo Pepe Vargas e foi uma conquista da população. Denise Pessoa demonstrou preocupação com o valor da tarifa, “se hoje com algumas linhas integradas o impacto é grande na passagem, quanto custará a tarifa quando tudo for integrado?”, questionou a vereadora.

segunda-feira, abril 12, 2010

Não adianta só copiar o Obama

A campanha de Obama para presidente usou muito as mídias sociais. Isso foi um diferencial de sua campanha. Ele optou por dialogar com um setor social, a juventude, que estava de fora do processo político americano. Mas não foi só blog, twitter, facebook. Foi uma estratégia toda que compreendia até mesmo a marca da campanha "Sim, nós podemos".

A partir daí foi criado um "consenso" de que as próximas eleições terão forte influência das mídias sociais e da internet, que um candidato sem internet ficará para trás e todo mundo partiu para criar seu blog, twitter, facebook, orkut e outras coisas mais. Acredito que essas ferramentas terão cada vez mais importância e despreza-las seria um erro, mas um erro maior é não saber usa-las. A experiência do Obama não pode ser trazida sem alterações para o Brasil.

Esse final de semana trouxe a prova disso. A convenção que lançou José Serra para presidente torrou quase 500 mil reais (dizem que foi até mais). O Serra foi um dos primeiros políticos a ingressarem no twitter e seu perfil @joseserra_ tem mais de 190 mil seguidores. A convenção seria transmitida pela internet e o Serra mandaria mensagem diretamente dela. Estava tudo pronto para que o Serra fosse a sensação do Twitter no sábado.

Entretanto...

Uma casualidade da vida (a queda do avião com o presidente da polônia) e a construção/disseminação coletiva de uma idéia colocaram toda a estratégia do PSDB a perder. Por volta das 15 horas do sábado alguém cria a hastag #SerraPresidentedaPolonia e ela se espalha feito pólvora pelo twitter, tanto que ficou listada entre os 10 tópicos mais comentados entre os brasileiros. Como comentou no seu twitter o Marcelo Branco, que agora está na equipe de mídias sociais da Dilma, "Hj, mais uma vez, a criatividade descentralizada da rede bateu a criacao centralizada. #FHSerra e #SerraPresidentedaPolonia ganharam o dia."

O que aconteceu? A rede não pode ser ser controlada, a massa que acessa a internet tem vida própria, para o bem o para o mal, mas tem. Num dos primeiros post da Dilma ela disse que não conseguirá ficar online o tempo todo e outras pessoas farão postagens. Isso é honestidade, e a rede descobre os desonestos.

A Dilma, nesse caso, está muito mais assessorada para enfrentar esse novo campo, desconhecido para a maioria, das mídias sociais. Mas todos os candidados ou assessores estão preparados igualmente? Os do Serra já mostraram que não. Quem tá na rede tem outra linguagem, se relaciona de outro modo. Entrar na rede é se expor. Vai receber elogios e vai receber muitas críticas também e a resposta tem que ser imediata. 24 horas para a net é um mês para uma mídia convencional. Atenção aí galera que vai assessorar candidatos ou que já faz isso.

Duas coisas importantes relacionadas a isso:


1 - O Serra tem o Jornal Nacional qe deu 4 minutos de cobertura. Um absurdo em termos de TV.

2 - A Dilma lançou seu twitter no domingo. @dilmabr em 24 horas já contava com mais de 12 mil seguidores (veja abaixo). Ela entrou com tudo na briga.



quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Convenções Sociais

Conveções sociais são fundamentais para a vida em sociedade, isso eu não nego. Não jogar lixo no chão, por exemplo, garante que se limpe menos a cidade e ajuda a não proliferar doenças. Fato semelhante é com o hábito de guspir no chão. Outras convenções são aceitas em algumas culturas e outras não. Arrotar, na China, é sinal de que você gostou da comida. Tente fazer o mesmo aqui no Brasil? E por aí vai.

Então as convenções sociais são uma necessidades? Acredito que elas seja indispensáveis, mas isso não quer dizer que são imutáveis. O que é socialmente aceito em uma época pode não ser na época seguinte. Um exemplo

Os egipcios já comemoravam aniversários, entretanto essa comemoração era restrita ao Faraó. Os gregos, por sua vez, acreditavam que cada pessoa tinha um espírito, ou gênio, protetor que acompanhava o indivíduo desde seu nascimento (achou parecido com o anjo da guarda?). Os romanos também acabaram absorvendo essa cultura. Inicialmente as celebrações eram limitadas aos reis ou imperadores e a família real. Com o tempo ela foi se popularizando. Como cada dia era dedicado a uma divindade essa comemoração era muito mais ao protetor do indivíduo do que em celebração a própria pessoa.

Mas era só para a elite

Isso tinha uma lógica na organização social. Se você era um trabalhador braçal não havia nenhuma importância em saber quantos anos você passou nesse planeta. Se tivesse forças para trabalhar você ia ajudar a família nos campos ou aprender um ofício, com seu paí. Quando chegasse na puberdade que era medida pelas alterações físicas, você poderia ir para a guerra. Com os ricos era diferente. Como, na Roma Antiga, você só chegaria ao Senado aos 35 anos, medir quanto tempo os aristocratas viveram era fundamental. Também como eles tinham muito dinheiro e não tinha televisão, um motivo para uma festa de arromba nunca era demais. Somente na sociedade industrial é que medir o tempo individual passou a ser necessário. Com quantos anos eu devo colocar uma criança a trabalhar numa máquina que pode mutila-lá?

A educação do proletariado surgiu aprissioná-lo


A Revolução Industrial fez com que a produção manual de bens fosse relegada a segundo plano. Os ofícios dos artesãos já não tinham mais sentido. A burguesia necessitava de pessoa que soubessem operar as novas máquinas. Aí surge a "educação para uma profissão". Aí também foi necessário estruturar um sistema, propedêutico, onde o filho do operário pudesse ir absorvendo os conhecimentos necessários para operar aquela máquina. Aqui surge essa outra convenção de que a educação liberta o cidadão. Ela pode libertar sim, mas essa educação que os filhos dos trabalhadores recebem apenas os aprissionam na sua classe. Proletário continuará sendo proletário - de preferência sem consciência de classe. Ah, aqui determinou-se que 7 ou 6 anos era era a idade ideal para entrar na escola. Então os filhos dos pobres também faziam aniversários, embora não houvesse o que comemorar.

A partir daí uma série de legislações tornaram referenciais algumas idades. Quatorze anos para ingressar no mercado de trabalho; Dezesseis para votar; Dezoito para ser totalmente responsável pelos seus atos. Como uma curiosidade final, até o quarto século a Igreja Católica proibia a comemoração de aniversários por considerá-los práticas pagãs. Isso só mudou quando ela mesmo começou a comemorar o nascimento do criador da religião, em uma festa pagã, que se chamou Natal.

Ensino compartimentado


Um dos efeitos colaterais do ensino compartimentado e sequencial como o praticado em quase todo o mundo é a premiação a quem completa uma das etapas. Se você pedir para uma criança de 8 anos para que serve a segunda série ela, provavelmente responderá: "Para passar para a terceira". Um estudante do ensino médio não seria tão honesto, mas nossas escolas encaram esse grau de ensino como preparatório para o vestibular!

Mas não há nenhum grande desafio em concluir as sucessivas séries do ensino fundamental ou médio. A dificuldade está em se manter numa escola chata, pouco aprazível, desmotivadora e não desafiadora. Isso sem falar na dificuldades da vida diária: falta de comida em casa, desemprego dos país, etc. Ao chegar na universidade há a tradição da formatura, ou seja, conceder "grau superior". No final de tudo isso, a não ser pela falta de dinheiro, é muito provável que qualquer pessoa consiga. Então onde estão os méritos disso?

No final percebemos que muitas convenções que hoje achamos normal e inquestionável são frutos de uma organização social que privilegia o capital. E datas comemorativas são um grande negócio. No nosso calendário há 7 meses gordos, onde os capitalistas estimulam o consumo. Até mesmo o Natal, que para os Cristãos é o nascimento de Cristo, que não era comemorado até o século quarto, virou um negócio.

Em resumo. Cuidado com as convenções que você segue elas podem ser simplesmente uma estratégia do capital para que você consuma cada vez mais e faça a "roda da economia girar", mas não ao seu favor.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Avatar, qual é a desse filme?

A Edição do Globo de Ouro que ocorreu no domingo, 17/11, premiou o filme de James Cameron com a estatueta de Melhor Filme e Melhor Diretor. O filme havia sido indicado, também para as categorias de Melhor Música (Original) e Melhor Trilha. O filme celebra a volta de Cameron depois de seu mega sucesso Titanic, de 1997. Avatar não só está conseguindo ser uma das maiores bilheterias da história do cinema, como está também gerando muita polêmica. Algumas dessas polêmicas são mais fruto de confusão mental do que propriamente uma análise mais profunda sobre o filme. Mas o que tem de tão espetacular nele?

Eu assisti a versão 2D. Lamentavelmente em Caxias não há sala 3D. Talvez eu ficasse muito mais impressionado com os efeitos especiais e esquecesse completamente a história se tivesse um óculos com uma lente de cada cor. Para começo de conversa o que mais me chamou atenção no filme foi o capricho do diretor e dos responsáveis pelos efeitos especiais de criar um mundo completamente do nada.

Centenas de filmes de ficção científica criaram aliens, mas esse é o único que criou uma biosfera inteira. Tinha seres que correm, nadam, rastejam e voam e tinham humanóides também. O detalhe na definição dos habitantes desse mundo extraterreste encanta, na minha opinião, mais do que qualquer outro elemento do filme. Tem também uma relação simbiótica entre seus habitantes. Parece que o roteiro foi escrito baseado nos livros de Fritjof Capra (como citou @anahifros no twitter). Essa é a relação que mais causou incomodo há alguns críticos do filme.

Em sua coluna no Jornal Correio do Povo, Juremir Machado, chama o filme de "Um faroeste tecnológico na Amazônia. Feito para crianças, explora o mercado da ecologia.". Essa é uma afirmação muito infeliz, para ficar por aqui nos adjetivos. Demonstra que não há um compreensão mais profunda sobre a própria história. A proposta criada por Cameron apresenta Pandora como um mundo onde todos os seus seres vive em harmonia com o meio ambiente. Mas não aquela harmonia que apontamos como o modo de vida indígena. Cada ser desse planeta é profundamente conectado com o outro. Aí que se encaixa o pensamento de Capra e vai além do que ele escreveu. Estamos aqui falando de como a presença, humana ou não, pode alterar um ecossistema inteiro que está profundamente conectado. Sendo ou não você um ambientalista radical, é cada vez mais evidente que o que fizemos com o nosso meio ambiente afeta o planeta como um todo. Cameron mostrou isso utilizando recursos lindísssimos.

Aqui entra um outro detalhe. O roteiro do filme começou a ser escrito em 1994, muito antes do boom ambientalista dessa década. Portanto para quem critica que o filme é um eco-radical faltou um pouco de pesquisa para posicionar a história quando ela começou a ser feita.

Outro tipo de crítica diz que o filme faria coro a nova ordem americana detonando George W. Bush. Bush teria sido retratado na personagem do Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang). Tá certo que o Coronel Quarich é tão belicoso como os dois Bush, ele é até um pouco caricato, mas daí para frente é pura paranóia na minha opinião. Outra questão de falta de entendimento do filme é dizer que o exército americano é expulso de Pandora. Em nenhum momento do filme fala-se que o exercito seja o americano, isso é fruto de mentes muito americanizadas. O exército que protege os "investimentos" em Pandora é um exército mercenário. Essa é uma das primeiras falas do filme.

Não foram nenhum desses dois elementos - relação simbiótica com a natureza e a derrota de um exército mais forte por um mais fraco - que me chamaram atenção no filme. A principal questão que fiquei refletindo é a eterna pergunta: "Devemos intervir e/ou julgar uma sociedade por sua cultura?". Gene Roddenberry, em Star Treck, tenta responder essa pergunta criando as Diretrizes da Frota Estelar, a primeira diz: "...nenhum membro da Frota Estelar pode interferir com o desenvolvimento normal e saudável da vida e da cultura de uma espécie alienígena."

Na minha opinião fica muito claro a mensagem que o filme quer transmitir nesse ponto. Quem somos nós para julgar uma cultura? Se os Na'vi tem uma árvore com seu Deus devemos acha-los inferior? Claro que não. Isso vale também para a vida aqui na Terra. Aí sim talvez uma critica ao governo belicoso dos Bushs ao taxar culturas que não tinham os mesmos valores da sua como "eixo do mal" ou então tentar converter o mundo, a força, as concepções puritanas que inundaram o seu governo.

E a tecnologia? Bom isso é um caso a parte. Na verdade é um show a parte. Avatar é o primeiro filme legendado feito em 3D. A qualidade dos efeitos nos fazem ficar em dúvida do que é realidade e o que é animação. Na minha opinião Avatar nos mostra um futuro cinematográfico onde não podemos mais acreditar nos nossos olhos. Ele não traz nenhum grande avanço na linguagem do cinema, isso é verdade. O que ele faz, e faz bem e criar um mundo de ilusão que nem nos mais loucos sonhos você poderia atingir. Ao olhar a tela parece que há o uso de todas as milhões de cores possíveis, e como elas combinam bem! Os planos de câmera devem fazer muito mais sentido na versão em 3D onde há o privilégio ao elemento de primeiro plano e também há grande profundidade de campo.

Se o filme não modificou o cinema na sua estética, modificou ele na sua produção. A empresa Weta Digital, que já esteve envolvida na criação de filmes como “Eragon”, “Senhor dos Anéis”, “King Kong” e “Eu, Robo”, foi a responsável pela criação de um dos maiores datacenter do mundo. Vocês fazem ideia do tamanho dele? Foram 4.352 servidores HP ProLiant BL2×220cG5, com 104 Terabytes de memória RAM, que encaminhavam para um sistema de armazenamento de 3 Petabytes! Os servidores trabalhavam 24 horas por dia e processavam 1,4 milhões de tarefas diárias processando cerca de 7 Gigabyes por segundo. Cada frame do Avatar tem 12 MB. Importante, os servidores rodavam Linux (veja essa matéria).

As câmeras de filmagem são um espetáculo extra. Foram especialmente desenvolvidas para o filme pela Sony criando, assim, uma nova geração de câmera estereoscópicas. Mas não é um 3D comum onde um elemento salta da tela em sua direção. A tela inteira tem profundidade, com isso a tela de cinema vira um palco (isso não dá para ver em 2D - infelizmente). Na foto ao lado Cameron segura uma dessas câmeras.

Foram sete anos de trabalho para criar o sistema de câmera
estereoscópica mais avançado do mundo. As câmeras funcionaram à
perfeição no set de “Avatar”, permitindo que as cenas se fundissem
suavemente com as imagens em computação gráfica, num processo uniforme.

O filme é surpreendente. Se você ainda não viu, veja. Assistir ao filme em casa só se você tiver uma televisão HD e Blue ray. Toda a emoção e sensação de ver o filme no cinema se perderia em nossas televisões.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Os que lutam toda a vida são imprescindíveis


Imprescindível seria o termo correto para qualificar Daniel Bensaid. Esse militante e filósofo francês nascem em Tolouse, em 1946. De orientação trotskista, foi um dos líderes do movimento de maio de 1968, na França, quando era militante da Juventude Comunista Revolucionária (JCR).

Bensaid também foi membro do Secretáriado Unificado da Quarta Internacional e um dos fundadores do Novo Partido Anticapitalista. Era professor da Universidade Paris VIII. Bensaid foi um dos grandes intelectuais antiglobalização e participou em diversas edições do Fórum Social Mundial.

Publicou vários livros de ensaio político, de debate e de filosofia, sobretudo sobre Karl Marx, Walter Benjamim e o pensamento socialista contemporâneo, e afirmou-se como um dos mais importantes pensadores revolucionários dos anos do combate ao Império, à guerra e ao liberalismo selvagem que é o capitalismo realmente existente.

Bensair morreu na manhã de hoje (12/01), de câncer, em Paris. Nesse link trago uma entrevista que ele concedeu à Fundação Perseu Abramo em novembro de 2008.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Disco People - Ampex

O segundo semestre de 2009 foi bastante criativo. Eu fiz a disciplina de Vídeo Digital do curso de Bacharelado em Tecnologias Digitais. O objetivo da disciplina, discutido ao longo do semestre, foi a produção de vídeo clipe. A banda que seria nossa cobaia foi a Ampex.

O primeiro desafio foi a produção do roteiro, com a turma dividida em grupos, cada grupo elaborou o roteiro de uma das músicas da banda. No final o roteiro escolhido bom a da música Disco People. A partir daí veio a produção do vídeo. Planejar, procurar por figurantes, figurinos, conferir as locações, filmar, edital, finalizar, ufa! Foi um longo, e trabalhoso, processo.

A versão final está aqui abaixo, junto com a ficha técnica da produção.





Produção
Alexandre Masotti
Jean Michel Bachmann Taffarel
Jéssica Angel Facchin
Jéssica Bonatto da Rosa
Nicole da Rocha
Ohanna Schmitt Bolfe
Rafael Spiler (Poste)
Rangel Rizzi

Roteiro e Story Board
Jéssica Bonatto da Rosa
Nicole da Rocha

Imagens
Alexandre Masotti
Rafael Spiller (Poste)

Edição
Ohanna Schmitt Bolfe
Alexandre Masotti

Elenco
Alexandre Masotti
Jean Michel Bachmann Taffarel
Jéssica Angel Facchin
Jéssica Bonatto da Rosa
Nicole da Rocha
Ohanna Schmitt Bolfe
Rafael Spiler (Poste)
Rangel Rizzi

Participação Especial
Carolina Maciel
Gisele Pires
Liliam Maschio
Marcelo Piccoli Paris
Marciano Lagni Capellari

Banda Ampex
Jéssica
Joana
Nicole
Suelen
Valquiria

Direção
Jéssica Bonatto da Rosa
Nicole da Rocha

Orientação
Profª Liliam Maschio

Agradecimentos
Aldo Zat
Ale Silva
Enilda Gabana
Rosiana
Seus Assis
Silvana Gervasoni
Equipes de Limpeza e Segurança do Campus 8

Realização
Laboratório de Áudio e Vídeo - Lavi
Campus 8 - Cidade das Artes
Universidade de Caxias do Sul

quinta-feira, dezembro 31, 2009

The Who


O The Who é uma das principais bandas de rock do mundo. A banda inglesa, que surgiu em 1964, foi uma das precursoras do ópera rock. Outra característica que deu fama a banda foi a tradição de destruir os instrumentos no final de cada show, especialmente o guitarrista Peter Townshend e o baterista Keith Moon.

Esse vídeo é da música "Water". Ela foi apresentada pela primeira vez no Festival da Ilha de Wight
, em 1970. Nela você pode ver toda a energia das performances da banda, bem como a relevância de suas letras. Não encontrei nenhuma tradução decente para o português (se alguém se habilitar coloque nos comentários), então segue a letra em inglês.

Com certeza é uma boa dica para esse final de 2009 e começo de 2010.




Water

(Pete Townshend)

The foreman over there hates the gang
The poor people on the farms get it so rough
Truck drivers drive like the devil
The policemen, they're acting so tough
They need water
Good water
They need water
And I'm sure there isn't one of us here who'd say no to somebody's daughter
No, no, no

The foreman over there hates the gang
The poor people on the farms get it so rough
Truck drivers drive like the devil
The policemen they're acting so tough
They need water
Good water
They need water
And maybe somebody's daughter

Indian Lake is burning
New York skyline is hazy
The River Thames is turning dry
The whole world is blazing

We need water
Wow yeah, good water
Ooh, we need water
And maybe somebody's daughter

Ah give me give me good water
A give me give me give me good water
Give me good water
Please don't refuse me, mister
I seen your daughter at the oasis
And I'm beginning to blister

My Chevrolet just made steam
Your crop is layin' foul
My grass skirt's lost its green
I'm alive, but I don't know how

I need water
Good good water
They need water

Give me give me give me good water
Give me give me give me good water
Give me give me give me good water

Somebody, champagne!

sábado, dezembro 19, 2009

Nova diretoria do DCE é formada

As eleições do DCE são proporcionais, ou seja, a ocupação dos cargos é feita pelo número de votos conquistados por cada chapa. Essa divisão, que tem o nome de "chamada", foi realizado no dia de ontem, 14/12, na sala do DCE. A chapa número 1 - Movimentação, tinha direito a ocupar 15 cargos e a chapa número 2 - DCE por Você, 16 cargos. Conforme a votação obtida as chapas se intercalavam na escolha das coordenadorias e diretorias do DCE. No final a composição da nova direção da entidade ficou assim:

Coordenador Integração Estudantil: Reginaldo Leonel Ferreira

Coordenador Patrimônio e Finanças: Paulo Roberto Correa Couto

Coordenador de Comunicação: Rafael Bueno

Coordenadora de Cultura: Bia Maitelli Ferrigo

Coordenadora de Ensino: Camila Bertoldo

Coordenador de Pesquisa: Lucas Mateus de Souza

Coordenador de Extensão: Fabian Tamura

Coordenador de Assistência Estudantil: Diogo Martinelli

Coordenadora de Combate às Opressões: Alexandra Castilhos

Coordenador de Formação: Vinícius Postali

Coordenadora de Campi e Núcleo: Renata Martins Leite

Direção de Cursos Sequênciais: Conrado Hanke

Direção de Pós Graduação: Moacir Camerini

Direção Carvi: Eduardo Valduga

Direção Camva: Paulo Augusto Streck Filho

Direção Nucan: Maico Diego Ludeki Martins

Direção Nugua: Paulo Roberto Figueira Xavier

Direção Nupra: Daniel Tonon

Direção Nuver: Rutineia Goretti de Lima

Direção Nufar: Caroline Dalegrave

Direção Nvale: Ronaldo Henker

Direção CCBS: Naiara Conterno

Direção CCET: Wagner Battessini

Direção CCEA: Jenifer Barbosa

Direção CCHC: Sharon Ramos

Direção CEFE: Marcelo Cesco

Direção CCJU: Vinícius da Silva Nascimento

Direção CEAA: Bruna Frizzo

Direção CCAB: Eduardo Pasini

Direção CECC: Daiane Mello

Direção CECI: Ronaldo Camargo

As chapas acordaram entre sí transformar as suplências em direções de centros que foram desmembrados neste ano. A posse da nova diretoria foi quinta feira (17/12) às 19 horas no Centro de Convivências da UCS.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Realmente cabe tudo na internet

A nossa Exma. Governadora do Estado, Yeda Crusius, aventurou-se na internet.

Agora ela tem um blog (http://www.blogdayeda.com/) e um twitter.(http://twitter.com/blogdayeda).

O interessante, ou não, é que é a Yeda mesmo que escreve - segundo fontes do próprio Piratini (vai saber). Algumas postagens são da assessoria mas passariam pelo crivo da governadora.

No blog tem comentário mas eles são moderados. Por enquanto só tem comentário favorável. Será que ninguém leu o blog? Eu fiz um comentário lá, juro que fui bem educado, vamos ver o que acontece.

Eu acho isso bastante positivo, pois se a Yeda passar bastante tempo na blogsfera ela passará menos tempo governando o Estado. Levando em conta o desvio de 44 milhões do Detran, as escolas de lata, a criminalização dos movimentos sociais, o estado que menos investe em saúde, entre outras coisas isso será muito bom para o Rio Grande do Sul.

Então que tal uma campanha para que a Yeda saia do Piratini e invista na carreira de blogueira?

Ah, um detalhe importante. O blog da Yeda, ao contrário do Blog do Planalto, tem direitos reservados, então se você quiser copiar alguma coisa dele (vai saber, né?) isso é proibido. Bastante normal já que o Azeredo, o cara do AI5 digital é do mesmo partido da Yeda.

terça-feira, setembro 08, 2009

Sonho de Computador

O vídeo abaixo foi o trabalho final da disciplina de Ciberespaço e Criação na Cultura Digital I, do curso de Bacharelado em Tecnologias Digitais.

A idéia básica do vídeo era que pudessemos experimentar técnicas de gravação e edição em vídeo digital, sendo que obrigatoriamente o grupo deveria "atuar" no vídeo.

Depois de um começo bastante difícil com muita dificuldade para definir "o que fazer", surgiu um pequeno conto - que eu publiquei aqui - a partir daí nasceu um roteiro e o trabalho deslanchou.

Um detalhe bastante importante, também, foi a música do filme. Ela foi composta pelo Felipe Ferreira, o Bob.

Espero que curtam, e fiquem a vontade para comentar.


sábado, junho 20, 2009

Conferência Regional de Educação da Serra opta pela exclusão

Acontece por todo o país a Conferência Nacional de Educação que é uma iniciativa do governo federal. O primeiro semestre do ano de 2009 é o momento da realização das etapas municipais, que tiram seus representantes pra a etapa estadual que acontece em outubro de 2009, em POA.

Nesse processo Caxias optou pela construção de uma conferência regional, juntamente com outros 34 municípios, que aconteceu na última quarta-feira (17/06) em Farroupilha. O regimento da Conferência Regional criou um “funil” entre as mini ou pré-conferências e a conferência regional. Esse “funil” limitou a participação na etapa regional, algo que não consta no regimento nacional.

É importante salientar que a realização de pré-conferências não é o problema, a questão fundamental é que a etapa municipal não foi construída com a participação de todos os setores envolvidos na construção da Conferência Nacional de Educação. Movimentos sociais, movimento estudantil, movimento popular não foram chamados para participar. Isso fez com os dois únicos universitários de Caxias que estavam credenciados na regional eram estagiários da Secretaria Municipal de Educação.

O Diretório Central de Estudantes da UCS, que representa mais de 30 mil estudantes universitários de 8 cidades diferentes, em nenhum momento foi convidado para a construção do processo em Caxias do Sul. Apesar disso uma representação de 4 estudantes do campus de Caxias da UCS se fez presente na etapa regional, com o objetivo de contribuir com as reivindicações dos estudantes. Entre os 4 estudantes havia a presença de uma diretora da UNE, entidade que está mobilizando os estudantes pelo país na construção da Conferência Nacional de Educação.

Infelizmente a demonstração de disposição para participar não foi suficiente para sensibilizar a comissão organizadora regional. Em um primeiro momento não queriam permitir a entrada nos espaços de debate. Com muita pressão conseguimos participar dos grupos de discussão. Na plenária final foi apresentado um recurso solicitando que os nomes das quatro pessoas que participaram de todos os debates fossem incluídos na lista oficial de participantes para possibilitar a participação na etapa estadual da Conferência.

Lamentavelmente não conseguimos sensibilizar a comissão organizadora, que mesmo confrontada com o Regimento Nacional da Conferência, que diz que a participação pode ocorrer tanto na etapa municipal quanto na regional. Houve uma completa omissão por parte da presidente do Conselho Municipal de Educação de Caxias do Sul, da SMED, dos vereadores caxienses presentes. Felizmente contamos com o apoio e bom senso de outras pessoas que encaminharam uma proposta para que os representantes do DCE e da UNE pudessem participar da etapa estadual.

A Conferência Nacional de Educação é uma reivindicação histórica dos movimentos de educação e um espaço privilegiado para a construção das políticas educacionais para os próximos anos. A Conferência é para ser um espaço democrático, mas infelizmente não foi isso que aconteceu na discussão de Caxias do Sul. Nela era massiva a presença de gestores e professores da rede municipal. Pais, estudantes, universidades, cursos profissionalizantes, sindicatos, movimentos sociais eram quase inexistentes.

Em resumo a etapa foi extremamente excludente e somente privilegiou a participação do governo municipal. Essa atitude de exclusão da Secretária Municipal de Educação nos causa estranheza, pois não sabemos se ela aconteceu por descuido ou propositalmente. O Governo do Estado abertamente está boicotando as etapas municipais, regionais e não participará da estadual. Cabe lembrar que a atual secretária estadual de educação, Marisa Abreu, foi apresentada ao Rio Grande do Sul pelo governo Sartori.

terça-feira, maio 26, 2009

O que me fascina na tecnologia

Uma pergunta surgiu em uma disciplina da UCS. "O que no mundo tecnológico te fascina?" Essa foi a minha resposta. Alguém concorda? descorda?

O que me fascina no mundo tecnológico é que ele pode fazer um animal lento, que enxerga mal e fraco em um sucesso evolutivo.

O ser humano passou de alimento para outros animais a espécie com capacidade de mudar - e acabar com o planeta - utilizando da tecnologia. Desde as ferramentas mais simples, que inclusive são compartilhadas por nossos primos primatas (pedras como martelo, galhos como alavanca ou armas), até as mais avançadas que nos levaram ao espaço ou nos permite abrir uma garrafa de Coca Cola com facilidade.

O importante em relação a tecnologia é não julgá-la boa ou má. A mesma tecnologia que criou a bomba atômica também possibilita a cura de doenças e gera energia. O fascinante é encarar os dilemas éticos que ela nos traz. Podemos clonar um ser humano, mas devemos?

A tecnologia aliada a outra característica exclusivamente humana nos eleva a um outro patamar evolutiva. A arte é uma característica que só existe entre os humanos - por enquanto - e é ela que nos distingue enquanto seres. Fazemos e apreciamos a arte por que somos humanos. Arte e tecnologia nos permite não só representar o mundo mas também recriá-lo. Permite que a imaginação supere os nossos limites corporais, de tempo e de espaço.

Arte e tecnologia faz uma nova revolução evolutiva naquele animal lento, fraco e que enxerga mal. Agora não é mais o sucesso evolutivo que importa. Ele não precisa mais ficar fixo em seu meio, ele pode criar um mundo único. O universo passa a ser o limite.

terça-feira, maio 05, 2009

"Sonhar é acordar-se para dentro"*

É noite, olho pela janela e o lado de fora me parece familiar e estranho ao mesmo tempo. Acho que já vi essa imagem, na minha mente aparece a imagem de uma tela de Van Gogh. Sim, é Monticelli. Foi fácil descobrir. Continuo lendo meu livro. Estou calmo e tranquilo. A luz da vela quase não treme.

Derrepente percebo uma sombra, minha respiração começa a ficar acelerada. O que será essa sombra? O que está surgindo das profundesas da escuridão? Antes de poder pensar sobre isso apaga-se a vela e sou encoberto por um breu que luz nenhuma parecia penetrar. Tão logo como apareceu ele desaparece. Estou agora numa biblioteca. Na minha frente há livros, muitos livros, estantes e estantes de livros. Sinto um impulso, tenho que organizá-los. Um a um, um ao lado do outro, uma tarefa repetitiva. Minha respiração começa a acelarar cada vez mais, minhas mãos não param de executar a tarefa. Meu peito doi. Essa dor vai subindo pela minha garganta, não consigo segurar. Solto um grito tão alto que ele estremesse o ambiente.

Estou calmo novamente. Olho pela minha janela e vejo uma paisagem novamente. Não é mais noite. Vejo um campo e um pinheiro. Cores vibrantes e fortes inundam minha retina. Por que estou vendo quadros do Van Gogh? Agora estou pintando. Sobre a mesa há tinta, pinceis, uma cartolina. Estou feliz. Estou calmo, tranquilo. O que está se passando comigo?

Ouço um ruído. Minha sala começa a escurecer. Tenho medo de me virar. O pavor atinge minhas pernas. Um véu negro me encobre novamente. Nããããããããão!

Resurjo sentado em uma carteira escolar. Na minha frente lápis e papel. Começo desesperadamente a escrever uma combinação de dois números: 0 e 1. Para mim essas sequências tem lógica. Parece que eu as compreendo. Olho para o lado e há uma infinidade de pessoas iguais a mim fazendo a mesma coisa. O trabalho é cansativo. É exaustivo. Minha mão treme. Meu coração acelera. Meu estômago doi. É um dor aguda. Não consigo resistir.

Nesse momento ouço um bip. Tudo congelou. O que está acontecendo? Parece que a imagem está se desmanchando, tudo virou apenas uma combinação de zeros e uns.

Tudo fica preto. Uma outra imagem aparece...

¹O autor da frase do título é Mário Quintana.
² Esse conto se transformará em um vídeo para a disciplina de Cibercultura do curso de Bacharelado em Tecnologias Digitais da UCS.

³ Não entendeu? Entendeu tudo? Gostou? Não gostou? Comente.

segunda-feira, março 23, 2009

A mudança que não acham necessária

A vida realmente é uma caixinha de surpresas. Enquanto o mundo inteiro clama por mudanças existem pessoas que defendem a continuidade. Os exemplos são inúmeros das necessidades de mudar a sociedade e o jeito de fazer as coisas. Os governos antes neoliberais, sofreram uma pesada derrota em seu projeto com a crise provocada pela sua própria ideologia. Resultado? Mudar o sistema financeiro. Impor um controle maior aos bancos e aos especuladores. Até o impensável vão fazer, estatizações de bancos e empresas.

Na onda de mudança fez com que o belicoso (para ficar no politicamente correto) Bush, desse lugar ao diplomático Obama. Mudou a América Latina. Cada vez mais presidentes de esquerda (tá de centro-esquerda para contentar os mais ortodoxos). O último exemplo disso foi o presidente de El Salvador, Mauricio Funes, da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional que já foi um grupo de guerrilha.

Esse preâmbulo é para constatar que a mudança, além de bem vinda é necessária. Então porque alguém imporia uma barreira para isso? Eu também não sei a resposta, mas a pergunta me deixa intrigado. Tudo começou numa tarde de sábado, quando participei de uma reunião onde estaria sendo discutido, o pretenso programa para uma chapa que concorreria as eleições de uma entidade.

Bom, aí já tem uma coisa errada. Estava discutindo programa depois de haver a discussão sobre a política de alianças. Já estava certo que haveria uma aliança tática e se manteria uma direção, que apesar de ter problemas, taticamente falando, era melhor do que estar fora. Beleza então. O que podemos fazer para melhorar a atuação da tal diretoria? Fiz uma fala onde apontei alguns problemas na condução das lutas da tal entidade. A necessidade dela se posicionar de forma mais independente e a importância de discutirmos uma nova cultura política de atuação no movimento.

Faço aqui um parênteses pois discutir uma nova cultura política é uma prática da organização política a qual milito, e esse é o principal diferencial de atuação nos movimentos e é o que ainda me faz acreditar que alguma coisa pode ter jeito na política, pois somos sujeitos da transformação, logo somos responsáveis por mudar o que achamos errado.

A minha fala foi até bem recebida pelos demais participantes da reunião. Alguns criticaram alguns pontos, outros concordaram com outros, mas o que mais me deixou intrigado foi a posição da pessoa que coordenava a reunião e pertence, paradoxalmente, a mesma organização. Pasmem, ele afirmou que como as pessoas passam muito tempo no movimento não podemos mudar a cultura política. Em resumo temos que fazer as coisas do mesmo jeito!

Não acreditei. A principal crítica é o uso proselitista do movimento. É a política do favor, do jeitinho. E aí alguém diz que isso não pode mudar. E esse alguém está em poder de tomar decisões e representar um grupo maior ainda. Repito, não acreditei.

Quando o pragmatismo no movimento chega até o ponto de você achar natural o desvio ético é que alguma coisa está muito errado. Eu fico pensando. É tão importante o poder que ele não pode ser relevado nem para manter a consciência? É tão fundamental ser direção que há o risco de negar tudo o que defende? Não consigo as respostas para isso, espero que os leitores desse texto me ajudem nos comentários.

Ao final da reunião não tive dúvida encontrei um representante da "velha política", na pior definição do termo.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Simpons tem nova abertura em HD

Voltei aos posts. Acho que será um bom início. Os Simpsons uma das séries de maior tempo de duração na TV mundial acaba de ganhara uma nova abertura, agora em alta definição. A nova abertura traz a mesma sequência da apresentação dos personagens, entretanto ela acrescenta uma enormidade de elementos novos. Como exemplo tem o Leny caindo da escada quando coloca a placa de 3 dias sem acidentes, uma cena que revela o que acontece com a barra radiotiva que o Homer joga para fora do carro e várias outras.

Bom não vou estragar a surpresa. Abaixo está a janela do youtube para vocês conferirem a abertura. Bom divertimento




A propósito o Bart está escrevendo no quadro: "HDTV vale cada centavo"

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Decepção

Dois mil e nove não começou muito bem, pelo menos para o meu computador. Hoje de manhã ele teimou em não inicializar. Na verdade não é a primeira vez que isso acontece e já está virando rotina. Agora fui obrigado a fazer um feriado forçado. O ruim de depender da tecnologia é não poder usar as ferramentas para o seu trabalho.

Bom isso é o custo de comprar equipamento usado. Já tô pensando que foi um péssimo negócio, mas fazer o que. É da vida. Enquanto isso estou usando o meu micro "velho". Muitos anos de uso e pouquíssimos problemas. Fica aí uma imagem de como deve estar o meu micro.

Ah, ele foi para o conserto. Vamos ver o que vai acontecer.

quarta-feira, dezembro 31, 2008

A midia caxiense tem nível, mas....

Dois fatos recentes me fazem questionar o papel da mídia caxiense. Você pode dizer: "Sim, que novidade", mas o que surpreende, nesses fatos, é que caiu a fachada de mídia "imparcial".

O primeiro fato é a cobertura do reajuste do transporte público da cidade. Os principais veículos de comunicação da cidade divulgaram a informação que o prefeito em exercício, Alceu Barbosa Velho, promoveu uma ampla negociação com os conselheiros chegando a ameaçar que vetaria um reajuste maior que R$ 2,20. Bom realmente o Secretário da Fazenda do Município, Carlos Antônio Búrigo, recebia o tempo todo ligações no celular. O maior problema é que apenas quem estava lá viu isso. Agora vem o problema. Nenhum veículo de imprensa, além do Jornal dos Bairros e do cinegrafista da UCSTV estavam lá. De onde saiu as informações, então, para essa história? Já é sabido que a mídia é extremamente oficialista. Copiam releases, buscam as fontes governamentais, ou seja, fazem o caminho mais fácil. Agora ao ausentarem-se de acompanhar uma reunião que aumentaria o valor da passagem de ônibus (uma pauta obvia) demonstra o descaso com a verdade. Nesse caso nenhuma matéria abordou alguns acontecimentos da reunião:

1 - A proposta apresentada pelo conselheiro do DCE não foi colocada em votação. A proposta exigia que a Visate e a Secretaria apontasse o que iria fazer com o dinheiro que entraria a mais por conta do reajuste;
2 - Cerca de 30 pessoas acompanharam a reunião representando um série de entidades;
3 - Se as planilhas de aumento são tão corretas pq a própria Visate votou no valor de R$ 2,20 se ela pedia um valor muito maior?
4 - O patrolamento da reunião, promovido pele presidente do Conselho Eder Dallago, que queria definir tudo em 20 minutos.

Além de não terem visto isso tudo, a mídia ainda chega a conclusão que votar o projeto de reajuste no dia 23 de dezembro não é fazer isso no afogadilho. Durma-se com um barulho desses. Na foto acima você poderá ver o que ninguém da imprensa oficial de Caxias viu. A reunião do Conselho Munciipal de Trânsito e Transportes.

Acho que ele quer o lugar do titular

O outro exemplo beira a surrealidade. Um "radialista" caxiense conhecido pela alcunha de seus parcos longos cabelos, pilota um programa diário nas tardes de uma grande emissora de rádio de Caxias do Sul. Esse programa brinda-nos com horas e horas de péssimos exemplos de "como fazer comunicação". Recentemente esse "radialista" saiu com uma pérola. Na semana passada na coluna Mirante do Jornal Pioneiro, havia um comentário sobre o Orçamento Comunitário. Roberto Nielsen, que interino na coluna, tecia algumas críticas sobre o OC apontando que o processo perdeu participação, caiu em qualidade, ou seja, que a prefeitura estava esvaziando o OC para determinar seu fim.

O interessante disso tudo é que o tal "radialista" fez uma crítica contundente a esse comentário. Até aí não teria problema. O problema é que ele disse que parecia que o interino queria o cargo do oficial!!!!!???? Bom o nobre "radialista" esqueceu que o interino é apenas o Editor Chefe do Pioneiro, ou seja, é o chefe de todos os jornalistas.

Como uma pessoa com todo esse conhecimento tem um programa de rádio, diário, e por horas e horas enche o ouvido das pessoas com pérolas como essas? A resposta é simples. Ele comprou o espaço. Dinheiro faz a maior bobagem do mundo se transformar numa citação intelectual.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Recomeçar

Nossa, faz muito tempo que eu não atualizo esse blog. Por várias vezes eu pensei se valia realmente a pena continuar escrevendo. Afinal de contas por que alguém cria, e mantém, um blog? Além da resposta tradicional: "Porque todo mundo tem um", acho que ele, o blog, pode ser um espaço interessante para a troca de informações.

Há hoje mais blogs escrevendo sobre notícias do que jornalistas. Isso dá a essa ferramenta um poder de alcance que nunca antes esteve na mão das pessoas comuns. A verdade agora passa a ter várias versões e não só a dos grandes veículos de comunicação. Claro, muita gente copia o que sai no jornal (ninguém disse que o mundo é perfeito), mas a possibilidade de ler algo diferente é extremamente tentadora.

Então é isso, resolvi voltar a escrever, e dessa vez estabelecer um desafio:

Postar toda a segunda, quarta e sexta-feira.

Acho que esse desafio de regularidade vai fazer com que as coisas por aqui fiquem mais agitadas, e vai fazer com que eu não deixe esse blog tanto tempo sem atulizações.

Bom para um primeiro post acho que tá bom por enquanto. Vamos começar devagar para não cansar logo.

Obrigado a tod@s meus leitores. Um grande abraço.

sexta-feira, maio 09, 2008

Por que não te calas?


A frase que está no título foi proferida pelo Rei Juan Carlos, da Espanha, para o presidente venezuelano Hugo Chaves durante um bate boca durante a Cúpula Ibero-Americana no ano passado, mas ela serviria muito bem para o Senador do DEMO/RN, José Agripino Maia. A Ministra Dilma Rousseff compareceu em uma audiência na Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal para falar sobre o Programa de Acelaração do Crescimento, PAC.
Entretanto o choro dos oposicionistas era perguntar-lhe sobre o tal Dossiê com os dados, sigilosos, dos cartões corporativos do governo FHC (aqueles que mostram os gastos em vinhos franceses e caviar). A ministra disse que responderia a qualquer pergunta sem problema nenhum, nisso aparece o estabanado Senador Agripino Maia. Em sua pergunta ele faz uma considerando se reportando a uma entrevista, concedida por Dilma, onde ela dizia que durante a ditadura ela mentiu e sugeriu que ela poderia mentir novamente.

A resposta da Ministra foi contundente, "eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega os seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na tortura, senador". Dilma afirmou ainda que "não há possibilidade de diálogo" quando se tem pela frente o "pau de arara, o choque elétrico e a morte".
Melhor do que ler só ouvindo a resposta, no vídeo ao lado.

No final da resposta Dilma afirma que durante a ditadura militar ela e Agripino estavam em lados diferentes, e isso é pura verdade. A biografia de Agripino Maia é recheada de momentos onde ele foi beneficiado pela ditadura militar. Ele ingressou na carreira política em 1979 como Prefeito Biônico de Natal (nomeado pela ditadura). Seu pai e primo foram governadores também indicados pelo regime o que demonstra a proximidade da família com o regime de exceção. Ele também é dono de uma emisora de TV e de emissoras de rádio no Rio Grande do Norte. Sua trajetória é inegável. É um dos grandes filhotes da ditadura militar. Com certeza não tem integridade moral para estar na mesma sala de pessoas que lutaram e sofreram para garantir a democracia no país.